
Começou, nesta terça-feira (25/11), o cumprimento da prisão pela condenação por tentativa de golpe de Estado do chamado “Núcleo 1”, compostos pelos militares Almir Garnier, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Mauro Cid e Braga Netto; pelo deputado Alexandre Ramagem; pelo ex-ministro Anderson Torres e pelo ex-presidente, e também militar da reserva, Jair Messias Bolsonaro.
Dada a história da nossa República, estrutura por golpes militares, ou civil-militares, com dois intervalos democráticos (1945-1694; 1984-…), é um marco importante: pela primeira vez, no regime democrático e sob o arcabouço democrático, militares são punidos e cumprirão pena por atentarem contra a democracia.
Apoiadores do ex-presidente, bem como aqueles que seriam beneficiados com o resultado da intentona golpista, choram o feito, travestindo-o de injustiça feita a “inocentes”. Um deputado do Ceará, inclusive, fez postagem na festa de “Cristo Rei” lamentando a “injustiça” ao ex-presidente. Fiquei na dúvida acerca da identidade do “rei” celebrado por sua excelência.
Exatamente por isso, porém, a materialidade das prisões não deve fazer crer aos democratas que a batalha contra o golpismo está vencida. Basta ver as movimentações em torno da anistia, que ocorrem às claras e nos bastidores do Congresso Nacional, visando a impunidade e a possibilidade, sempre aberta, às novas tentativas de se passar por cima do resultado eleitoral.
Por isso, caberá à imprensa, ao campo político democrático e aos democratas em geral uma primeira e fundamental questão a ser posta a todos os presidenciáveis no ano que vem: qual seu comprometimento com a tentativa de induto a golpistas condenados por atentarem contra a democracia?
Sim, pois é, dita às claras a condição número 01 para o apoio declarado do, agora, presidiário Jair Bolsonaro e de seu entorno mais radical.
O fato põe pressa à decisão sobre o candidato a representar a extrema-direita, com o capital político nada desprezível de Bolsonaro, na corrida presidencial. Diferente do que ocorreu com Lula em 2018, preso no ano da eleição e só tido como impossibilitado de disputar a campanha apenas em setembro daquele ano (já com a campanha em curso), Bolsonaro começa a cumprir a pena no ano anterior, e suas últimas aparições e declarações para apoiadores se deram em julho, 15 meses antes do pleito de 2026.
O nome escolhido, assim, terá tempo suficiente para se descolar do espectro de Bolsonaro – terá, ao menos, imagem do ex-presidente falando do seu nome como candidato?
Exatamente por isso, penso que, para manter vivo o capital político do ex, bem como a posse de seu capital e do espólio político que detém, o sobrenome Bolsonaro deverá estar na chapa presidencial, como cabeça (menos provável) ou como vice: Flávio ou Michelle (que, ao que parece, cedeu seu lugar senatorial à deputada Bia Kicis).
Aguardemos.








