Com 16 vetos, nova lei mantém a abertura do mercado livre, cria teto para subsídios e redesenha regras para geração renovávelENTENDA A NOVA LEI DO SETOR ELÉTRICO
A sanção da MP 1.304/2025 marca a maior mudança no setor elétrico em duas décadas. Mesmo com 16 vetos, o governo manteve os pilares da reforma: abertura total do mercado, limites para subsídios e ajustes nas regras para fontes renováveis.
A seguir, um panorama didático e completo.
1) Abertura total do mercado de energia
A mudança central da lei é permitir que todos os consumidores — empresas e residências — escolham o fornecedor de energia.
Como será a transição
•2027: indústrias e comércios ganham liberdade de escolha.
•2028: consumidores residenciais também poderão decidir de quem comprar energia.
Por que isso é importante
Hoje, quase todos são obrigados a comprar da distribuidora local.
Com a abertura, surgem:
•mais competição,
•mais ofertas,
•possibilidade de preços menores,
•contratos personalizados (prazo, volume, tipo de energia, fonte renovável etc.).
2) Entenda o mercado livre
O Mercado Livre de Energia (MLE) já existe para grandes consumidores e vem crescendo rapidamente.
Como funciona
•A energia física continua sendo entregue pela mesma distribuidora.
•O consumidor passa a contratar apenas o fornecimento com geradoras ou comercializadoras.
•Exige instalar:
•Sistema de Medição para Faturamento (SMF),
•cabine de medição,
•comunicação com a CCEE.
Quem já pode migrar
Desde 2024, empresas com consumo abaixo de 500 kW — shoppings, hospitais, médias indústrias — foram liberadas.
O resultado foi explosivo: +67% de novos consumidores em 2024.
3) Quanto as empresas podem economizar
Mesmo com a nova lei, o mercado continua atraente.
Antes da MP
•Economia típica: 15% a 25% para empresas médias.
•Grandes consumidores: até 40%.
Depois da MP
•Novos contratos a partir de 2026 tendem a ficar entre 10% e 15% de economia.
Por que a economia diminui
A MP elimina gradualmente o “desconto no fio” (TUSD/TUST), incentivo dado a quem usava energia renovável.
O incentivo será mantido:
•para contratos antigos,
•mas não valerá para novos a partir de 2026.
4) Principais vetos do governo
O governo retirou trechos considerados caros aos consumidores ou arriscados.
Curtailment (corte de geração eólica/solar)
•Vetado o ressarcimento automático para usinas.
•Mantida apenas a compensação parcial, quando o corte é culpa do sistema.
•Motivo: evitar repasse de custos aos consumidores e desestímulo à eficiência.
Preço do petróleo
•Vetada mudança que indexava o cálculo tributário às cotações internacionais.
•Risco apontado: insegurança jurídica e imprevisibilidade na arrecadação do setor.
Autoprodução com parques antigos
•Vetada regra que impediria usar parques já existentes para autoprodução.
•Resultado: mais flexibilidade para investidores de geração própria.
5) Geração distribuída sai fortalecida
Segundo especialistas, a parte da lei que trata de geração distribuída (como painéis solares em telhados, condomínios e pequenas usinas) foi preservada inteiramente.
O que ficou garantido
•Regras atuais seguem estáveis.
•Nenhum ponto considerado “danoso” pelo setor foi incluído na lei.
•Consumidores e pequenos produtores ganham previsibilidade para investir.
6) Um marco para tarifas e subsídios
O Ministério de Minas e Energia chama a lei de “avanço histórico”.
Por quê?
•Pela primeira vez, a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) — fundo que financia subsídios — terá um teto.
•Isso limita o crescimento de custos que recaem sobre a conta de luz de todos os brasileiros.
7) O que esperar nos próximos anos
Para empresas
•Abertura total aumenta a competição entre fornecedores.
•Mesmo com fim gradual do desconto no fio, a migração deve seguir compensando.
•Busca por energia renovável cresce, impulsionada por metas ESG e certificações como o I-REC.
Para residências
•A partir de 2028, famílias poderão escolher fornecedor, como já fazem com telefonia e internet.
•Espera-se uma onda de novos produtos: pacotes de energia renovável, preços por faixa de consumo e serviços combinados.
Para o sistema elétrico
•Abertura exige mais coordenação entre agentes.
•Vetos reduzem riscos de custos imprevisíveis.
•Geração distribuída e autoprodução ganham estabilidade regulatória.
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