A anticiência e seus perigos reais para o desenvolvimento econômico; Por Adriana Rolim

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Sabe aquela sensação de estar lendo algo muito bem escrito, mas… sem alma? Foi esse o alerta para discutir a anticiência — aquele ceticismo ou desconfiança na ciência que, de tão sutil, pode nem parecer “perigoso”, mas afeta diretamente nosso crescimento econômico.

Sem acreditar na ciência, paramos de inovar, deixamos de investir e acabamos vivendo no “modo manual”. Isso dificulta o progresso sustentável — e, acredite, a conta sempre chega.

Imagine um município no Nordeste sofrendo com seca prolongada. Rios e represas secam, o pasto parece pó e as colheitas não resistem ao calor. Não é fantasia — é um retrato cotidiano. Entre 2020 e 2023, só os desastres climáticos custaram ao Brasil R$ 45,9 bilhões: R$24,4 bilhões só no agro, R$19,3 bilhões em serviços e R$2,2 bilhões na indústria

Isso não é só número: são famílias perdendo tudo, comércio travando, cidades inteiras lutando pra sobreviver. Em 2024, o PIB da agropecuária caiu 3,2% — e mesmo com a crise, o setor continuou sendo o mais afetado (soja caiu 4,6%, milho 12,5%, laranja 21,1%) enquanto indústria e serviços seguiam crescendo.

Quando a gente menos olha — menos acredita, menos investe em ciência —, as consequências batem forte: campos vazios, perdas de renda, população vulnerável. Vai muito além do que a gente vê: chega até a nossa mesa, no preço da comida, no emprego que some. É comum, mas não é justo — e dá pra reverter.

Você já parou pra pensar como seria se nosso agricultor tivesse acesso a dados climáticos precisos? Ou se nossa chuva entendesse o clima desafiante de cada região — e agisse para proteger a plantação antes do desastre?

Negar a ciência é quase como fechar os olhos pro que tá rolando no mundo real. E pagar o preço por isso. Mas tem saída: investir em pesquisa, adaptar nosso jeito de produzir, melhorar nossa infraestrutura — tudo isso é não só possível, como urgente.

A perda financeira e a queda do PIB não são meros números. São vidas, estímulos que foram cortados, histórias interrompidas. Quando ignoramos tanto os alertas científicos, a economia sente. E muito!

Investir em ciência não é filosofia: é sobrevivência. É economia de verdade. É proteger toda a população.

Adriana Rolim é farmacêutica, doutora em Farmacologia. Docente e Pesquisadora da Universidade de Fortaleza. Foto: Divulgação

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