«La terre est née à l’issue d’un duel entre Dieu et le Diable ; après a criação do globo terrestre e dos homens, a luta entre o bem e o mal continua.» — Annamária Lammel e Ilona Nagy, La Bible Paysanne, Éditions Bayard, Paris, 2006, p. 6.
Surpreendi-me dando voltas desocupadas nesses textos. Para um incréu — ainda que respeitoso (melhor ser prudente nessas questões de fé… nunca se sabe, afinal…) — deixei-me dominar mais pela ficção bíblica do que pela Revelação trazida pelos coautores dessas aventuras fantásticas de Jesus.
Tive a oportunidade de confrontar essas narrativas transcritas — os discípulos eram, como o próprio Jesus, possivelmente analfabetos, segundo suspeita não confirmada — com a reprodução oral feita por camponeses europeus, cheia de desvios encantadores, criatividade espontânea e interpretações próprias.
Duas etnólogas húngaras — ou antropólogas, como diríamos — recolheram registros de uma “Bíblia Paysanne”, fruto de pesquisas e depoimentos colhidos na Hungria, Áustria, Eslováquia, Romênia e antiga Iugoslávia. Nesses textos, misturam-se o apócrifo e o legendário, a imaginação e o mito — junto a questões inamovíveis da fé.
A leitura dessas páginas é uma viagem fascinante. Para crentes ou incréus; para ateus, como eu — ateus pela graça de Deus.
