O que importa
Robert Francis Prevost, agora Papa Leão XIV, é o primeiro pontífice nascido nos EUA — mas sua alma e trajetória estão profundamente enraizadas na América Latina.
Conhecido por seu estilo pastoral, compromisso com os pobres e posicionamentos sociais progressistas, ele já criticou Donald Trump, JD Vance e defendeu a linha de inclusão proposta por Papa Francisco. Ainda assim, o presidente americano correu a celebrar sua eleição como uma “honra nacional”.
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O contraste com Trump
Apesar de ser compatriota de Trump, o novo Papa nunca escondeu suas divergências com a retórica e a agenda do presidente.
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Em 2020, criticou as políticas migratórias do governo americano.
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Em sua primeira fala como papa, ignorou os EUA e saudou o Peru, onde foi missionário por duas décadas e se naturalizou cidadão.
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Ao contrário da retórica do “America First”, Leão XIV prega uma Igreja “aberta a todos, especialmente aos que mais sofrem”.
Mesmo assim, Trump celebrou:
“Parabéns ao Cardeal Prevost. Que emoção e que grande honra para nosso país. Estou ansioso para conhecer o Papa Leão XIV!”
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O recado a JD Vance
Prevost foi direto ao confrontar JD Vance, atual vice-presidente católico dos EUA, aliado de Trump.
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Em fevereiro, Vance declarou que era preciso “priorizar quem amamos” com base em nacionalidade.
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O então cardeal compartilhou um artigo crítico ao vice, com o título: “JD Vance está errado: Jesus não nos pede que classifiquemos nosso amor pelos outros.”
A publicação deixou claro que, para Leão XIV, seguir o Evangelho é acolher — não classificar.
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A ponte com o Brasil e a América Latina
Prevost foi presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina e conhece profundamente a realidade do continente.
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Viveu 20 anos no Peru, onde foi pároco, missionário e bispo.
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Fala fluentemente português, espanhol, italiano, francês e inglês.
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Na Cúria Romana, tinha entre suas tarefas acompanhar a nomeação de bispos no Brasil.
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Foi aliado direto de Francisco em reformas que ampliaram o papel dos leigos, incluindo mulheres.
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Dogmas e inclusão: a síntese do novo papa
Mais conservador que Francisco em temas doutrinários, como família e sexualidade, Prevost é ao mesmo tempo um reformador pragmático, que defende maior sinodalidade e a escuta dos marginalizados.
“Podemos ser uma Igreja missionária, que constrói pontes e acolhe a todos — em caridade, diálogo e amor”, disse no seu primeiro discurso como papa.
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O que vem por aí
Leão XIV não será um papa de slogans nem de choques imediatos. Mas também não será um restaurador.
Entre Trump, Vance e Francisco, ele escolheu caminhar com os pobres — e com a América Latina.