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A regulação dos criptoativos no Brasil e sua perspectiva para o mercado – Adoção da Blockchain e Criptoativos. Por André Parente

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Por André Parente
Colaborador do Focus

Com o crescente avanço das tecnologias de blockchain e criptoativos, o Banco Central do Brasil (BC) intensifica seus esforços regulatórios com o objetivo de garantir maior transparência e proteção aos investidores. Por meio do Decreto 11.563 de 2023, o BC, em estreita colaboração com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil (RFB), busca equilibrar a inovação no mercado de ativos virtuais com a segurança e a estabilidade financeira.

A regulação de criptoativos pelo BC visa mitigar riscos e proteger os investidores contra práticas inadequadas, fraudes e golpes. Inicialmente, a meta é estabelecer requisitos mínimos para os prestadores de serviços de ativos virtuais, conhecidos como VASPs (Virtual Asset Service Providers). De acordo com a Lei 14.478 de 2022, essas entidades, que incluem atividades de oferta, intermediação e custódia de criptoativos, somente poderão operar no Brasil mediante autorização do BC.

O processo regulatório será dividido em fases, permitindo uma revisão gradual das normas, acompanhando a evolução das práticas internacionais. Está prevista uma segunda consulta pública sobre as normas gerais de atuação e autorização dos prestadores de serviços, com o intuito de coletar contribuições que aprimorem a regulamentação.

O BC planeja regulamentar as stablecoins, especialmente no que tange aos pagamentos, mercado de câmbio e capitais internacionais. A colaboração com a CVM e outros órgãos reguladores será essencial para abordar aspectos específicos dos ativos virtuais. Além disso, o BC desenvolverá um arcabouço complementar para a atuação das VASPs, abrangendo regulamentação prudencial, prestação de informações ao BC, contabilidade, tarifas e suitability.

Medidas para a prevenção à lavagem de dinheiro e o combate ao financiamento do terrorismo serão implementadas, monitorando atividades suspeitas para manter a integridade do mercado. Consultas públicas serão promovidas para garantir uma regulação eficaz e equilibrada, permitindo a participação ativa da sociedade e dos agentes de mercado. A primeira consulta pública está em fase de sistematização dos comentários recebidos, que servirão como base para o desenvolvimento das propostas normativas.

A tecnologia blockchain tem o potencial de transformar alguns setores, a exemplo do setor imobiliário. A tokenização de propriedades imobiliárias permite que essas sejam divididas em frações digitais, ou tokens, que podem ser comprados e vendidos por investidores. Isso democratiza o acesso ao investimento imobiliário, permitindo que pessoas invistam em partes de um imóvel sem a necessidade de adquirir a propriedade inteira.

Contratos inteligentes (smart contracts) em plataformas blockchain garantem que todas as transações sejam executadas automaticamente quando determinadas condições são atendidas, reduzindo a necessidade de intermediários e diminuindo os custos de transação. Isso aumenta a eficiência e a transparência no mercado imobiliário

Exemplos incluem o uso de tokens para financiar projetos imobiliários em grande escala, onde investidores podem adquirir tokens representativos de partes do empreendimento. A blockchain pode ser utilizada para registrar e verificar a propriedade de imóveis, tornando o processo mais seguro e menos suscetível a fraudes.

A regulação dos criptoativos pelo Banco Central do Brasil e a adoção da tokenização representam passos significativos para a modernização do sistema financeiro e dos investimentos no país. A abordagem gradual e colaborativa do BC, aliada à participação ativa da sociedade, promete construir uma base sólida para o desenvolvimento sustentável desses mercados inovadores. Essas medidas equilibrarão segurança e inovação, protegendo os investidores e promovendo a confiança e a transparência no mercado financeiro brasileiro.

A crescente adoção de tecnologias blockchain e criptoativos, aliada a uma regulação robusta e bem estruturada, tem o potencial de transformar não apenas o setor financeiro, mas diversos outros setores da economia, promovendo um ambiente de maior segurança, transparência e inovação.

André Parente é advogado, sócio do escritório Abreu & Parente Advogados Associados. Especializado em direito financeiro digital e tecnologia blockchain.

 

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