
O primeiro mês da tarifa extra de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros reduziu em 18,5% as vendas para os EUA — uma perda de cerca de US$ 600 milhões em agosto. Ainda assim, o Brasil fechou o mês com um superávit expressivo de US$ 6,13 bilhões, alta de 35,8% em relação a 2024.
👉 O contraste
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Relação bilateral: déficit de US$ 1,23 bi com os EUA, oitavo mês seguido em terreno negativo.
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No agregado global: exportações brasileiras cresceram 3,9%, somando US$ 29,86 bilhões, contra importações de US$ 23,73 bilhões.
👉 Quem puxou o saldo
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China: aumento de 31% nas compras, com destaque para petróleo (+75%), soja (+28,4%), carne bovina (+84%), minério de ferro (+4,9%) e açúcar (+20%).
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Argentina: alta de 40,37%, mostrando recuperação da demanda no país vizinho.
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México: salto de 43,82%, consolidando-se como destino em expansão para produtos brasileiros.
👉 Setores em destaque
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Agropecuária: +8,3%
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Indústria extrativa: +11,3%
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Indústria de transformação: +3,9%
👉 Tarifaço seletivo, mas pesado
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A sobretaxa de Trump atingiu 35,9% das exportações brasileiras para os EUA, equivalentes a US$ 14,5 bilhões em 2024.
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Foram quase 700 produtos listados como exceção (aeronaves, óleos, celulose, minério de ferro), mas itens estratégicos como café, cacau, carne bovina, frutas, têxteis, calçados e móveis ficaram sujeitos ao imposto cheio.
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Até mesmo produtos não tarifados sofreram retração, reflexo da insegurança causada pelo anúncio, segundo o MDIC.
Vá mais fundo
O episódio revela uma virada na geografia comercial brasileira: a dependência dos EUA dá lugar a um avanço consistente em mercados emergentes e na Ásia. A safra recorde de soja e a força do agronegócio garantiram estoques para aproveitar a demanda chinesa no segundo semestre. O saldo mostra que o país tem capacidade de compensar perdas bilaterais quando diversifica parceiros — mas expõe a vulnerabilidade de setores de maior valor agregado frente a choques políticos.