Pesquisa Quaest mostra equilíbrio delicado entre grupos sociais e sinaliza disputa acirrada por apoio em 2026
📊 O dado central
Pela primeira vez desde janeiro, a aprovação ao governo Lula (48%) empatou com a desaprovação (49%) dentro da margem de erro de 2 pontos. A virada ocorre após nove meses de desvantagem para o Planalto — em maio, a diferença chegou a 17 pontos (57% x 40%).
A pesquisa, encomendada pela Genial Investimentos, ouviu 2.004 eleitores entre 2 e 5 de outubro. Nível de confiança: 95%.
🔍 Como a base se recompôs
- Mulheres voltaram a apoiar Lula (52% x 45%); em setembro estavam empatadas (48%).
- Católicos saíram do empate e agora aprovam 54% x 44%.
- Beneficiários do Bolsa Família atingem o melhor índice do ano: 67% aprovam, 31% desaprovam (chegaram a empate técnico em julho).
- Eleitores de 35 a 59 anos inverteram posições: aprovação subiu para 51% (antes 46%).
- Idosos (60+) caíram para empate técnico: 50% aprovam, 46% desaprovam (eram 53% x 45%).
- Classe média alta (5+ salários mínimos) deixou de ser reduto de rejeição (agora 52% desaprovam x 45% aprovam; em setembro era 60% x 37%).
- Entre quem tem até ensino fundamental, a aprovação abriu 22 pontos (59% x 37%); em setembro era 56% x 41%.
Nos grupos tradicionalmente resistentes, evangélicos continuam majoritariamente contrários (63% desaprovam x 34% aprovam).
⚖️ Avaliação geral do governo
- Positivo: 33% (era 31% em setembro)
- Regular: 27% (era 28%)
- Negativo: 37% (era 38%)
- Não sabem: 3%
O salto de dois pontos na avaliação positiva não altera o quadro de divisão, mas indica melhora de humor em setores antes críticos.
💸 Economia e narrativa internacional
- 79% apoiam isenção de IR para renda até R$ 5 mil — promessa que o Planalto quer consolidar.
- Cai a percepção de que a economia piorou no último ano.
- 49% avaliam que Lula saiu mais forte após o encontro com Donald Trump na ONU; 27% acham que saiu enfraquecido.
🌎 Perspectiva nordestina e Ceará no radar
No Nordeste, Lula mantém força, mas a recomposição feminina e católica chama atenção. Estados como o Ceará, vitrine do lulismo e termômetro para 2026, servem de alerta:
- O avanço da aprovação em grupos médios urbanos e na classe média alta pode reposicionar alianças políticas locais.
- O núcleo evangélico segue resistente, um desafio em cidades que concentram esse eleitorado.
🧩 O que significa
A pesquisa não sinaliza vitória fácil nem colapso de apoio: mostra um país rachado ao meio, em que cada ponto pode decidir 2026.
Para Lula, o empate interrompe a erosão e dá fôlego para construir narrativa econômica positiva — ancorada em renda, isenções fiscais e recuperação do consumo.
Para a oposição, o alerta é claro: a rejeição que parecia consolidada já mostra brechas em segmentos-chave, inclusive entre quem tem maior renda e entre faixas etárias que vinham se afastando do governo.