O Brasil ocupa a quarta posição entre os países com maior proporção de jovens de 18 a 24 anos que não conseguem continuar estudando nem ingressar no mercado de trabalho. Os dados constam do relatório Education at a Glance 2025, divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) nesta terça-feira (9).
Segundo o documento, 24% dos jovens brasileiros estavam nessa situação em 2024, quase o dobro da média dos países membros da OCDE, que é de 14%. Apenas Colômbia (27%), Costa Rica (31%) e África do Sul (48%) apresentam taxas superiores à brasileira. Por outro lado, Islândia e Holanda registram os menores índices, com apenas 5% da faixa etária afetada.
Avanços recentes, mas desafios persistem
O relatório destaca que, apesar de ainda alta, a proporção de jovens fora da escola e do trabalho no Brasil vem diminuindo. Em 2019, 30% da população dessa faixa etária estava nessa condição, o que representa uma redução de 6 pontos percentuais em cinco anos. O país foi o segundo que mais reduziu a taxa, atrás apenas da Itália (8 pontos percentuais).
Essas reduções, segundo a OCDE, indicam que mecanismos de transição para educação e trabalho adotados pelo Brasil começam a surtir efeito, mas precisam ser ampliados e reforçados.
Desigualdade de gênero
O estudo alerta para fortes disparidades de gênero no país. Entre as mulheres de 18 a 24 anos, 29% não estudam nem trabalham, enquanto entre os homens a proporção é de 19%. Na média da OCDE, não há diferença significativa entre os gêneros.
Impactos econômicos e sociais
A fase entre os 18 e 24 anos é considerada crítica para a transição da educação para o mercado de trabalho, período em que jovens deveriam cursar graduação ou formação técnica. O relatório ressalta que períodos prolongados fora do trabalho têm consequências duradouras, como:
- Dificuldade de adquirir experiência profissional;
- Limitação no desenvolvimento de habilidades interpessoais;
- Aumento do risco de exclusão social e profissional;
- Impactos psicológicos, incluindo desânimo, ansiedade e depressão.
“Este ciclo de experiência limitada e desemprego prolongado pode levar à exclusão social e do mercado de trabalho persistente, especialmente para aqueles com níveis mais baixos de escolaridade”, alerta o documento.
Cenário global
Entre os 38 países analisados pela OCDE, os piores índices de jovens fora da escola e do trabalho são: África do Sul (48%), Turquia (31%), Colômbia (27%) e Costa Rica (24%). Já os países com menor proporção incluem Islândia e Holanda (5%), Noruega e República Tcheca (6%) e Eslovênia (8%).
O Education at a Glance 2025 reforça que políticas públicas eficazes de educação e inserção profissional são essenciais para reduzir desigualdades, melhorar perspectivas de emprego e garantir o desenvolvimento econômico.