Ao investir, um dos principais objetivos do investidor deveria ser aumentar seu poder de compra ao longo do tempo, ou seja, remunerar seus investimentos acima da inflação. Nos últimos anos, quando o investimento no Tesouro Direto se popularizou muito, um dos títulos mais demandados foi o Tesouro IPCA+, que paga ao investidor um retorno pré-fixado mais a inflação (IPCA).
Para que o leitor entenda como o Imposto de Renda pode impactar negativamente esse tipo de investimento, vou primeiro explicar o conceito de “rentabilidade nominal” versus “rentabilidade real”. Rentabilidade nominal é definida como o valor do retorno obtido nos investimentos, enquanto a rentabilidade real é quanto seus investimentos superaram a inflação.
Por exemplo, nos últimos 10 anos o CDI rendeu 124,67%, o equivalente a 8,43% ao ano. No mesmo período, a inflação foi de 78,12%, ou 5,94% ao ano. Assim, o CDI entregou um retorno médio real de 2,35% ao ano. Portanto, investir em títulos públicos indexados à inflação nos protege da inflação e proporciona retornos reais aos nossos investimentos.
Entretanto, há outros ativos que possuem uma vantagem competitiva muito interessante, como as Debêntures Incentivadas e os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA), que também são isentos de Imposto de Renda para pessoa física.
Se compararmos um investimento em Tesouro IPCA+ para 2026, que paga uma taxa pré-fixada de 5,40% mais inflação (considerando um IPCA anual de 3,50%, no caso 1, e de 8,00%, no caso 2) com um ativo isento com vencimento em 2026 (Debênture Incentivada, CRI ou CRA) com taxa pré-fixada de 6,50% mais inflação, podemos exemplificar o impacto do imposto de renda no ganho real.
No cenário de inflação média anual de 3,50%, o ganho REAL acumulado fica em 23,20% (ganho líquido nominal 46,32%) no investimento em Tesouro IPCA+ e 37,01% em um ativo isento (beneficiado pelo maior spread de risco de crédito e isenção fiscal), com ganho nominal líquido de 62,72%.
Já no cenário de descontrole inflacionário, com inflação a 8,00%, o ganho REAL acumulado fica em 20,77% (ganho líquido nominal 77,46%) no investimento em Tesouro IPCA+ e os mesmos 37,01% em um ativo isento, com ganho nominal líquido de 101,31%.
Como o investimento foi realizado em um título indexado à inflação, o investidor ganhará um maior retorno nominal com o aumento da inflação, mas o investimento em Tesouro IPCA+ ou CDB (investimentos não isentos de imposto), trariam um aumento menor no seu poder de compra (ganho real). Assim, fica bem claro como o aumento da inflação impacta negativamente no retorno REAL nos investimentos não isentos.