
A EMS, maior laboratório farmacêutico de capital 100% nacional, dá um passo decisivo na disputa global pelo mercado de medicamentos para obesidade e diabetes tipo 2. A empresa estreia dia 4 de agosto nas farmácias brasileiras com Olire e Lirux, suas primeiras canetas injetáveis à base de liraglutida — o mesmo princípio ativo de medicamentos como Saxenda e Victoza, da Novo Nordisk.
Ambos os produtos receberam autorização da Anvisa em dezembro de 2024. As primeiras 150 mil unidades serão vendidas nas lojas físicas e online das redes RD Saúde (Raia Drogasil) e DPSP (Pacheco e São Paulo) no Sul e Sudeste a partir da próxima segunda-feira. Na sequência, começarão a ser comercializados nas demais redes e regiões do País.
Estarão nas prateleiras 100 mil unidades do Olire, medicamento para tratar obesidade, e mais 50 mil unidades do Lirux, que funcionará no combate à diabetes tipo 2. As vendas exigirão receita médica com retenção obrigatória, conforme nova norma da Anvisa válida para todos os medicamentos à base de GLP‑1.
Inovação nacional com preço competitivo
As canetas da EMS são resultado de mais de uma década de investimento em pesquisa, estrutura fabril e desenvolvimento tecnológico. Com produção integralmente nacional, Olire e Lirux foram desenvolvidas com tecnologia própria, incluindo a plataforma UltraPurePep, que garante alto grau de pureza na síntese da liraglutida.
A EMS será a primeira empresa brasileira a produzir e vender canetas de liraglutida, com preço de lançamento cerca de 28% mais barato que os produtos originais da Novo Nordisk. O preço final ao consumidor já está definido. As caixas de Olire e Lirux com uma caneta vão custar R$307,26. O Lirux com duas canetas sairá R$507,70 e o Olire com três canetas R$760,61. Os produtos podem ser comprados com desconto de 10% a partir do cadastro no portal EMS Saúde.
Meta: R$ 100 milhões até o final de 2026
A expectativa da companhia é atingir R$ 100 milhões em faturamento com Olire e Lirux até o final de 2026, o que poderá representar até 25% da receita da empresa em 2027 — estimada em cerca de R$ 10 bilhões.
A fábrica de Hortolândia (SP), onde os medicamentos são produzidos, tem capacidade escalável para até 40 milhões de unidades por ano. Para a produção dos novos medicamentos, a AMS realizou um ciclo de investimentos de cerca de 500 milhões nos últimos 10 anos, somando a construção da planta industrial no interior de São Paulo e os custos de produção e desenvolvimento das canetas.
Rumo ao mercado global
Além do mercado brasileiro, a EMS planeja exportar suas canetas de liraglutida para os Estados Unidos por meio de uma parceria com um distribuidor local. A meta é ambiciosa: US$ 1 bilhão em vendas no exterior nos próximos dois anos.
Para reforçar a operação, a empresa tem repatriado técnicos brasileiros que atuavam em multinacionais fora do país e está ampliando a equipe científica no Brasil, com foco em inovação e aumento de produtividade industrial.
Próximo alvo: semaglutida
Com a estreia no mercado de liraglutida consolidada, a EMS já prepara o lançamento do genérico de semaglutida, princípio ativo do Ozempic e do Wegovy, com previsão de chegada ao mercado no segundo semestre de 2026, após a expiração da patente da Novo Nordisk. A concorrência nacional inclui nomes como Biomm e Cimed, que também se movimentam para atuar nesse segmento de rápido crescimento.
Um novo ciclo para a indústria farmacêutica brasileira
A entrada da EMS no mercado de canetas de GLP‑1 representa mais que um movimento comercial: é um marco na autonomia tecnológica da indústria farmacêutica nacional. Ao reduzir a dependência de importações e atuar com produtos de alto valor agregado, a empresa se reposiciona como protagonista global — com competitividade, inovação e escala.
Olire e Lirux não são apenas lançamentos de peso: são o início de um novo ciclo para a EMS e, possivelmente, para o próprio mercado de medicamentos de emagrecimento no Brasil.