
Tecnologia
O fato: Realizado nos dias 5 e 6 de junho, o seminário Política Industrial para o Setor de TICs foi mais do que um ponto de encontro entre governo, academia e setor produtivo: marcou a ascensão definitiva do Ceará ao pódio da inovação nacional. Hoje, o estado ocupa a segunda colocação no Brasil em captação de recursos via Lei de Informática, instrumento federal que financia projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica.
A nova posição do Ceará no ranking é simbólica e estratégica. Com 175 projetos aprovados, o estado captou mais de R$ 54 milhões, sendo parte significativa desses recursos voltada à formação de capital humano. A principal iniciativa é a Residência ITIC (C-Jovem), programa piloto do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) executado pela Funcap, que já beneficia mais de 7.400 estudantes da rede pública, em parceria com IFCE, UFC, UECE e UFCA.
Apesar dos avanços, o seminário escancarou um paradoxo: apenas cinco empresas cearenses estão habilitadas hoje para acessar diretamente os incentivos da Lei de Informática. A maioria dos contratos firmados no estado ainda parte de empresas do Sul e Sudeste, o que revela um descompasso entre os recursos captados e a maturidade local do setor produtivo.
Zona de oportunidades: Nesse cenário, a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Pecém desponta como aposta de futuro. Citada no evento como área estratégica para instalação de mega data centers, a ZPE já atrai o interesse de players globais — entre eles, o TikTok, que avalia as condições logísticas e energéticas da região para consolidar operações de grande escala.
A movimentação é vista como decisiva para descentralizar a economia da inovação no Brasil. Segundo o secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do MCTI, Inácio Arruda, a legislação exige que ao menos 30% dos recursos federais para inovação sejam destinados ao Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O Ceará, no entanto, vai além: a Funcap tem ampliado a contrapartida estadual, o que tem sido crucial para aumentar a competitividade dos projetos locais.
Inovação: Para Henrique Miguel, diretor do MCTI, o desafio agora é garantir que micro e pequenas empresas — que já representam mais da metade das beneficiárias da Lei de Informática — tenham condições reais de acesso aos recursos. “Falta informação e suporte técnico. Precisamos democratizar o ecossistema de inovação para que ele seja inclusivo e transformador”, alertou.