Cenário em movimento: Girão abre caminho para composição com Ciro e o PSDB

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O senador Eduardo Girão (Novo-CE), já colocado no tabuleiro como pré-candidato ao Governo do Ceará em 2026, deixou a porta aberta para um eventual diálogo com Ciro Gomes, que deve se filiar ao PSDB nesta quarta-feira (22). Embora afirme não enxergar o ex-ministro como um nome identificado com a direita, o parlamentar sinalizou disposição para conversar — desde que a oposição mantenha, segundo ele, a “coerência” de um projeto alternativo ao PT.

“Ciro nunca teve identidade com a direita, no meu ponto de vista. É legítimo que seja candidato. Agora, não vejo coerência de grupos de centro-direita numa proposta capitaneada por ele. Mas é uma mente brilhante que essa terra produziu”, afirmou.

Girão ressaltou que a busca por unidade não pode significar abdicar de princípios: “Não tenho problema de conversar com ninguém, embora, para mim, os fins não justifiquem os meios para derrotar o PT.”

Abertura política e cenário de alianças

As declarações do senador soam como um gesto relevante no xadrez eleitoral. A lembrança do pleito de 2018 — quando sua surpreendente eleição ao Senado contou com a neutralidade dos Ferreira Gomes e do então prefeito Roberto Cláudio, que não fizeram campanha para Eunício Oliveira — ajuda a explicar por que uma aproximação hoje não seria improvável.

Ao reconhecer a importância do diálogo e ao não descartar composição com Ciro, Girão deixa claro que busca ampliar sua margem de alianças, inclusive com o PSDB, que volta ao jogo estadual sob a liderança de Tasso Jereissati.

Críticas ao PT e discurso de ruptura

Fiel à sua identidade conservadora, Girão manteve o tom duro ao criticar as gestões petistas no Ceará e apontar a segurança pública como um dos principais desafios.
Segundo ele, o atual quadro de expansão do crime organizado no Estado é resultado de um “DNA” político construído ao longo de gestões anteriores.

“Chegamos ao ponto de um Estado paralelo mandar em grandes bairros. Isso tem que parar. O que acontece hoje não começou agora. Todos os que estão postulando já tiveram oportunidade”, disse.

O senador defende um “choque de gestão” com corte de privilégios, eficiência no gasto público e endurecimento no combate à criminalidade. A ideia central é um “pacto pela paz” que envolva Judiciário, Ministério Público e classe política para “cumprir a lei e garantir o direito de ir e vir”.

Princípios e trajetória

Girão tem insistido em apresentar sua candidatura como a mais coerente e fiel a valores desde que entrou na política. Ele diz atuar guiado por “coerência, integridade e coragem” e reforça bandeiras como defesa da vida, da família, da ética, da liberdade e de princípios cristãos.

“Nunca tinha sido candidato a nada e o povo cearense me levou direto ao Senado. Sigo com os mesmos valores que me trouxeram até aqui.”

Relação com Capitão Wagner e oposição fragmentada

Sobre o ex-deputado Capitão Wagner (União Brasil), de quem já foi aliado, Girão adotou tom conciliador e afirmou buscar unidade “no limite das forças”. Disse ter “gratidão” ao ex-parlamentar por tê-lo convidado para a política e lembrou ter coordenado campanhas dele. Wagner, por sua vez, classificou as divergências entre ambos como “pequenas”.

Lançamento e presença nacional

Determinando consolidar seu espaço na corrida eleitoral, Eduardo Girão anunciou um evento de pré-lançamento de sua candidatura em 30 de novembro, com presença de nomes de peso do campo liberal e conservador, como Romeu Zema (governador de Minas Gerais) e Marcel van Hattem (deputado federal do Novo-RS). O senador também destacou manter diálogo com o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Por que importa

A entrevista de Girão reposiciona a disputa pelo Governo do Ceará. Ao não descartar alianças e ao elogiar Ciro Gomes — mesmo questionando sua identificação com a direita —, o senador sinaliza que a oposição pode encontrar pontos de convergência. A eventual aliança entre Novo, PSDB e setores conservadores reconfiguraria a dinâmica eleitoral de 2026, especialmente diante da hegemonia petista no Estado.

E mais: a lembrança do papel dos Ferreira Gomes em 2018 sugere que pontes já foram testadas antes — e podem voltar a ser construídas.

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