
O fato: O custo da cesta básica em Fortaleza acumula alta de 9,10% no primeiro semestre de 2025, a maior entre as 17 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Apenas no mês de junho, o reajuste foi de 0,91%, elevando o valor médio da cesta para R$ 735,11, o equivalente a 52,35% do salário mínimo nacional atual (R$ 1.518).
Com esse valor, um trabalhador da capital cearense que recebe um salário mínimo precisa cumprir 106 horas e 32 minutos de jornada apenas para adquirir os itens essenciais da alimentação. No acumulado de 12 meses, a alta foi de 5,42%, puxada principalmente pelo aumento do café (80,52%) e da carne bovina (29,33%).
Fortaleza lidera reajustes no país: Apesar da média nacional indicar queda nos preços em 11 das 17 capitais em junho, Fortaleza seguiu na contramão e ficou no topo do ranking de aumento semestral. No mesmo período, cidades como Aracaju (-3,84%), Belém (-2,39%) e Goiânia (-1,90%) registraram queda nos preços. Já entre as capitais com maior alta no mês, Porto Alegre (1,50%) e Florianópolis (1,04%) lideraram.
No recorte anual de junho de 2024 a junho de 2025, a maioria das capitais teve variações positivas nos preços da cesta básica, com destaque para Recife (9,39%) e Fortaleza (5,42%). Aracaju foi a única capital com retração, de -0,83%.
Falta de estratégia e impacto direto nas famílias: Para o economista Paulo Henrique, conselheiro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), o aumento de 9,10% no semestre não é apenas um número: “É o reflexo direto da dificuldade enfrentada diariamente por milhares de famílias”.
Segundo ele, a ausência de políticas estruturais agrava o problema: “A falta de incentivos à produção local, de regulação das cadeias logísticas e de estoques reguladores mostra que o país ainda carece de uma estratégia consistente de segurança alimentar”.