Chagas Vieira entra no jogo e embaralha o xadrez governista

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Chagas Vieira entre Camilo Santana e Elmano de Freitas durate a campanha para governador em 2022.

Por trás da declaração pública de Camilo Santana, uma engrenagem silenciosa passou a girar com mais força nos bastidores: Chagas Vieira está no jogo. E não apenas no jogo da gestão — que já lidera com protagonismo —, mas no jogo sucessório ao Senado em 2026, com aval explícito do seu padrinho político e com gestos públicos que não deixam margem para dúvida.

O que há de novo
Em conversa com o Focus Poder, Chagas adotou uma linha indicativa daquilo que os bastidores já davam como certo: a filiação partidária parece ser uma questão de tempo. “Vou avaliar”, disse, com a diplomacia de quem sabe que, ao entrar, mudará o tabuleiro. “Confesso que ainda terei que pensar com muita calma. Mas bem lá pra frente. Foco completo hoje em tocar a gestão.”

A frase, cuidadosamente ensaiada, desvia os holofotes para o presente — mas confirma que o futuro já está sendo desenhado. E nele, Chagas Vieira é um nome que pode buscará unir a máquina administrativa de Elmano ao capital político de Camilo.

Por que importa
Nos últimos dois meses, o secretário da Casa Civil do Ceará abandonou o figurino técnico. Passou a atuar como linha de frente na defesa do governo Elmano, travando embates públicos com a oposição. Nas redes, deixou de lado o tom institucional para adotar uma narrativa mais política — de confronto e de protagonismo. Isso teve dois efeitos imediatos:

  • Atraiu para si as críticas antes direcionadas exclusivamente ao governador; Nesse ponto, um bom serviço para Elmano.

  • Passou a ser identificado pela base aliada (e pela oposição) como potencial cabeça de chapa para o Senado.

Camilo Santana não deixou a bola quicando: “Chagas é um grande nome”, afirmou na sexta-feira (11), durante evento da Prefeitura de Fortaleza. Lembrou que já foi seu chefe da Casa Civil e reforçou: “faz um grande trabalho”. Como quem diz: está credenciado.

O cenário
A base governista vive uma dança de cadeiras com poucas vagas e muitos interessados. Com duas cadeiras ao Senado em disputa, os nomes ventilados incluem:

  • José Guimarães (PT) – líder do governo Lula na Câmara, não esconde a vontade de disputar;

  • Eunício Oliveira (MDB) – articula com setores do centrão e não desistiu da vaga;

  • Chiquinho Feitosa (Republicanos) – suplente em exercício, quer permanecer onde está;

  • Luizianne Lins (PT) – já em pré-campanha, lançada pelo Campo de Esquerda;

  • Romeu Aldigueri (PSB) – presidente da Assembleia, sondado como nome de equilíbrio;

  • Júnior Mano (PSB) – defendido por Cid Gomes como alternativa, caso o próprio siga fora da disputa.

  • Cid Gomes (PSB) – O senador desconversa e insiste em apontar Júnior Mano, mas ninguém acredita. A cadeira é do senador. Portanto, naturalmente, a vaga na chapa é dele. Só não vai se não quiser. Transferir para outro nome o enfraquece.

Entrelinhas

  • Camilo dá o tom: Ao chamar Chagas de “grande nome”, Camilo cria um fato político e acende um alerta nos concorrentes. É um gesto que empodera seu ex-chefe da Casa Civil e antecipa o embate interno.

  • Elmano observa em silêncio: O governador ainda não se pronunciou sobre as pré-candidaturas, mas é notório que seu entorno já se movimenta para fortalecer Chagas como o “nome da casa”. Não tem sentido um chefe da Casa Civil fazer movimentação política sem o aval do governador.

  • O PT do Ceará está se moldando: A formação de um novo campo político no interior do próprio PT — com a cara de Camilo e Elmano — indica que o caminho para Chagas está sendo cuidadosamente pavimentado. Nunguém aposta que Chagas poderia montar em outro cavalo que não o PT. Trata-se da construção de uma hegemonia interna que vai além de 2026.

  • O PT se divide: Guimarães e Luizianne se movimentam com densidade eleitoral. Chagas, com solidez técnica e peso de governo. Se Camilo bancar, pode pacificar ou dividir a legenda.

  • A oposição já atira: O crescimento de Chagas no debate público o colocou na mira — e isso, no jogo político, é sinal de que ele virou alvo relevante.

O que vem aí
Com o nome lançado por Camilo, Chagas Vieira deixa de ser apenas gestor de confiança. Torna-se carta viva no jogo sucessório. A filiação, embora adiada, tende a se alinhar com o ritmo das articulações. E, no ritmo atual, não há mais como ignorar: Chagas entrou no radar de 2026 — e embaralhou o tabuleiro da base aliada.

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