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O título deste texto é parte do principal jingle da campanha de reeleição de Cid Gomes ao governo do Ceará, em 2010.
Naquele ano estava, inclusive, filiado ao mesmo partido que agora, o PSB, para o qual levou, nesta sexta (07/02), 7 deputados e 2 deputadas estaduais e três suplentes à Assembleia Legislativa. Do total, 11 só do PDT.
A filiação, que contou com a presença do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, serviu de palco para o (re)posicionamento de Cid frente às disputas em curso no (até agora) bloco governista que deverá (será?) marchar pela reeleição de Elmano de Freitas (PT).
É que nele Cid Gomes – que teria sido “emparedado” por governistas nas últimas semanas, nomeado pela imprensa local como “futuro coordenador da campanha de reeleição de Elmano”, “candidato a deputado federal” e outros termos que apontariam para uma acomodação política em prol de Elmano (leia-se Camilo) – se deu o lugar de, digamos assim, “cabeça de chapa” ao nomear o deputado Junior Mano como seu “candidato a senador”.
Numa só declaração, Cid Gomes:
1- tirou seu nome da vaga de reeleição ao Senado;
2- incluiu mais um nome, e novo, na já disputadíssima eleição para o Senado dentro do bloco governista (com nomes como Guimarães e Eunício);
3- deu mostras à classe política de que está com ímpeto para liderar um “projeto”;
4- condicionou sua permanência no governismo à essa grande acomodação.
Para quem vê o vídeo (que segue ao fim desse texto) percebe-se o desconforto do governador (que dá um leve sorriso de grande preocupação), que não aplaude a declaração de Cid, assim como o desconforto de deputados presentes ao evento de hoje. Elmano sabe da dor de cabeça que o desejo de Cid hoje enunciado lhe trará, faltando mais de um ano para a eleição.
“Bom de serviço”, Cid sai na frente com sua exigência.
No mês passado, um jornal local publicou uma inusitada declaração sua: “Eu não sou candidato a governador, definitivamente. Isso não está nos meus planos. Se tivesse nos meus planos, eu teria sido candidato no lugar do Elmano, que eu recebi convite para isso. A única pessoa que poderia, me disseram, unificar de novo o grupo seria eu”.
Observe: Cid diz não estar nos “seus” planos; mas, como 2022 pode estar nos planos “do grupo”. Sendo assim, seria ele candidato a governador?
Parece ser isso o que sugeriu, a um outro jornal, hoje: “Eu não descarto nada. Eu quero colocar em ordem de prioridade. Para mim, no momento: discussão majoritária, nós vamos fazer em 2026. No momento, o que vai tomar a minha atenção, a minha dedicação, o meu tempo, é programar uma quantidade e uma relação de pessoas que concorram à Câmara Federal e à Assembleia Legislativa. Essa é a minha prioridade absoluta para o momento”.
Sim, Cid não descarta “nada”. Como um bom candidato a governador, está cuidando da base de deputados, do crescimento do partido na Câmara e na ALECE e… lança seu candidato a Senador!
Bingo! Camilo e Elmano sabem o poder da liderança de Cid. Lembremos da mudança de planos do Abolição no recentíssimo episódio da presidência da ALECE.
No referido jingle, há um trecho que diz: “pode esperar, vem muito mais por aí”. Pudesse eu falar ao governador, repetiria-lhe tal trecho.
O que vem depois na letra do jingle? Resposta: “[…] com Cid Gomes, de novo, governador”.
Mas aí é esperar o tempo e combinar, ou não, com os eleitores.
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