Após um ano marcado pelos efeitos da pandemia, chegada das vacinas, temores com novas variantes do coronavírus, instabilidades políticas, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, acumula uma queda de cerca de 10%. A Selic (taxa básica de juros) saiu de 2% para 9,25% ao ano. A inflação de 12 meses, que iniciou o ano em 4,5% está em 10,7%. E o dólar acumula uma alta de 10%. É diante desse cenário que o investidor terá de decidir onde alocar seus recursos.
A pressão inflacionária pode induzir uma subida da taxa de juros que, por sua vez, segura o avanço da atividade econômica. Para o próximo ano, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central projetam queda da inflação, dos atuais 10% para 5%, alta da Selic dos atuais 9,25% para 11,50% e dólar fechando o ano a R$ 5,55. Assim, o comportamento da inflação, a evolução do PIB e das taxas de juros irão impactar diretamente tanto no comportamento da Bolsa de Valores como nos títulos públicos.
Renda variável
Para quem está posicionado em renda variável, é importante adaptar a carteira de ações para estratégias aderentes ao ciclo econômico atual, sempre com horizonte de longo prazo. Assim, muitas vezes é necessário balancear a carteira, saindo de alguns ativos e entrando em outros, para aproveitar os ciclos de cada setor da melhor forma e manter o potencial.
Uma alternativa que temos hoje em renda variável é poder comprar ações de empresas do exterior, fazendo uma diversificação geográfica. Neste momento, estamos usando bastante essa estratégia, o que faz muito sentido e tem ajudado a reduzir a volatilidade que tem a bolsa brasileira.
Renda fixa
Quanto à renda fixa, é preciso entender qual o título mais adequado ao objetivo de cada investidor. Por exemplo, os títulos pós-fixados, que acompanham a taxa de juros, mesmo com a Selic subindo a cada reunião do Copom, podem acabar não gerando ganho real, caso sua rentabilidade fique abaixo da inflação. Ou seja, o famoso “100% do CDI” já há algum tempo não proporciona uma rentabilidade real, mesmo com o aumento da Selic.
As taxas dos títulos pré-fixados de longo prazo, por sua vez, atualmente estão superiores à do CDI apenas se o investidor abrir mão do valor aplicado por pelo menos três anos. Produtos como CDB´s, LCI, LCA e até títulos públicos federais são instrumentos para essa alocação. Um CDB que remunera 13% ao ano por cinco anos, por exemplo, vai render juros sobre juros até o vencimento e o imposto de renda também entra nesse bolo. Mas será que teremos um ganho expressivo acima da inflação travando o recurso por esse tempo? Hoje não é possível dar uma resposta. Geralmente é mais indicado fazer títulos pré-fixados quando o mercado entende que o ciclo de alta de juros já está no teto, mas não temos fundamentos para dizer isso agora.
Já para quem pode alongar seus investimentos e é mais conservador, o mais adequado nesse momento seria aplicar em títulos de renda fixa híbridos. Com esses títulos, o investidor contrata uma taxa pré-fixada mais a inflação (IPCA) e define um vencimento. Esses títulos têm a finalidade de manter um ganho real acima da inflação de forma a preservar o capital de uma forma mais conservadora. E, para ter acesso a taxas melhores, é preciso ter um horizonte de médio prazo, entre dois e cinco anos, para aderir a bons produtos com esse racional.