O fato: O desperdício de vacinas no Brasil aumentou 22% sob a atual gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em comparação ao governo anterior, de acordo com dados obtidos pelo jornal O Globo via Lei de Acesso à Informação (LAI). Desde o início do novo mandato, 58,7 milhões de doses foram descartadas devido ao vencimento, resultando em um prejuízo de R$ 1,75 bilhão — o maior registrado desde 2008.
Justificativas e causas: O Ministério da Saúde atribuiu parte das perdas aos estoques de vacinas contra a Covid-19 herdados da administração anterior, que estavam próximos do vencimento. A pasta também destacou o impacto de campanhas de desinformação e da baixa adesão da população, que dificultaram o uso dessas doses a tempo. Em 2023, foram descartadas 39,8 milhões de doses, com perdas de R$ 1,17 bilhão; até novembro de 2024, outras 18,8 milhões de doses venceram, gerando prejuízo adicional de R$ 560,6 milhões.
Medidas: Para reduzir o desperdício, o Ministério da Saúde informou que implementou mudanças logísticas, incluindo a entrega parcelada das vacinas e a possibilidade de trocas por versões mais recentes aprovadas pela Anvisa.
Outras vacinas afetadas: O problema não se limita às vacinas contra a Covid-19. Doses de imunizantes como DTP (contra difteria, tétano e coqueluche), febre amarela e meningocócica também foram descartadas, mesmo com aumento na cobertura vacinal nos últimos anos. Entre 2022 e 2024, a vacinação contra a DTP subiu de 64,4% para 87,5%, e a de febre amarela, de 60,6% para 75,4%.
Análise de especialistas: O ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão observou que a redução na procura por vacinas pode ser, em parte, uma consequência do sucesso do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Ele sugeriu que o desaparecimento de várias doenças ao longo da última década pode ter diminuído a percepção de necessidade entre a população, afetando a adesão ao calendário vacinal.