
O Dia Nacional da Ciência e do(a) Pesquisador(a) Científico(a), celebrado em 8 de julho, é mais do que uma data comemorativa: é um convite à reflexão sobre o papel vital da ciência e do seu protagonismo no desenvolvimento da sociedade. Em tempos marcados por desinformação e cortes no investimento em pesquisa, reconhecer e valorizar a ciência torna-se um ato de resistência e de esperança.
A ciência está presente em todos os aspectos da vida cotidiana: nos avanços da medicina, na tecnologia que conecta pessoas, na produção de alimentos mais seguros e até nas estratégias para lidar com crises ambientais e sanitárias. Cada uma dessas conquistas é fruto do trabalho silencioso, muitas vezes invisível, de pesquisadoras e pesquisadores que dedicam suas vidas ao conhecimento.
Países que investem fortemente em ciência e tecnologia, como Alemanha, Coreia do Sul, Estados Unidos e Japão, colhem frutos expressivos em termos de inovação, qualidade de vida e desenvolvimento econômico. Esses investimentos não apenas impulsionam a competitividade global dessas nações, mas também fortalecem sistemas públicos de saúde, educação e meio ambiente. Esses exemplos mostram que apostar em ciência não é um luxo, mas uma estratégia inteligente de crescimento sustentável e soberania nacional.
Infelizmente, no Brasil, a carreira científica ainda é marcada por inúmeros desafios: escassez de financiamento, desvalorização profissional e instabilidade institucional. A fuga de cérebros — quando talentos nacionais migram para outros países em busca de melhores condições — é um dos sintomas mais preocupantes desse cenário. Celebrar esta data, portanto, é também um chamado à ação: precisamos de políticas públicas que incentivem a pesquisa, promovam a educação científica e garantam condições dignas de trabalho a quem faz ciência.
Além do investimento público, o aporte da iniciativa privada é fundamental para ampliar o alcance e a aplicação prática das pesquisas. Empresas que investem em inovação contribuem para o desenvolvimento tecnológico, a criação de novos produtos e serviços, e o fortalecimento da economia. No Brasil, ainda há um caminho a percorrer para estimular parcerias entre universidades, centros de pesquisa e o setor privado, garantindo que o conhecimento gerado no meio acadêmico se traduza em benefícios concretos para a sociedade.
Além disso, é fundamental aproximar a ciência da população. Desmistificar o conhecimento científico e torná-lo acessível é uma tarefa urgente em uma sociedade onde a desinformação se espalha com rapidez. O investimento em educação de qualidade e em divulgação científica deve ser visto como uma prioridade nacional.
Neste 8 de julho, que o Brasil não apenas celebre, mas também se comprometa com a ciência. Porque valorizar o(a) pesquisador(a) é valorizar o futuro.
Adriana Rolim é farmacêutica,doutora em Farmacologia. Docente e Pesquisadora da Universidade de Fortaleza.