Há um tempo que não se mede no relógio, mas no coração. É o tempo do colo que nunca envelhece, do cheiro de bolo no forno sem hora marcada, da voz que abençoa antes de dormir e reza por nós mesmo quando a gente nem sabe.
Ser avô ou avó não é repetir a paternidade, é recriar o amor com menos pressa. É amar com mais calma, mais escuta, mais presença. É ser porto mesmo sem mar por perto. É carregar a sabedoria de quem já foi muitos em si e ainda assim se faz criança de novo, só pra brincar com os netos.
Avós têm o dom de costurar as gerações. São fios que ligam o que fomos, o que somos e o que talvez venhamos a ser. Não precisam dizer muito. O olhar já diz. O silêncio também. Neles mora um tempo diferente, onde a memória é morada, e o afeto, um pão sempre quente sobre a mesa.
Neste dia, o mundo se curva em respeito a quem já atravessou tantos invernos e mesmo assim ainda floresce por dentro. A quem, mesmo cansado, caminha lado a lado com quem mal aprendeu a andar. A quem ama sem cobrar, ensina sem impor, espera sem exigir.
Que os avós recebam hoje o abraço que, muitas vezes, deram antes mesmo que pedíssemos. Que saibam o quanto são raiz, chão, semente e sombra.
Porque há pessoas que o tempo não envelhece. Apenas aprofunda.
