Dura lex, sed lex, no cabelo só gumex*; Por Paulo Elpídio

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Esses intelectuais
e as suas manias encantadoras.

Em minha família. deu-se, por capricho do destino, uma surpreendente concentração “per capita” de bacharéis.

De advogado, saiu-se meu avô, procurador dos feitos da Fazenda, depois procurador da Fazenda. Nestas honoráveis funções não enriqueceu, como sói acontecer a muitos dos que exercem tão graves e gradas funções. Andou a advogar para a capatazia e os sindicatos do Porto e da estiva, sem honorários a cobrar ou a receber.

Criou inimigos poderosos e pertinazes. De um vice-governador, depois governador, por dois anos morando em Nova York para “acompanhar” processos do interesse do Ceará, exigiu a devolução das diárias recebidas… A mídia, como de hábito, já por aqueles tempos, calou-se com prudência. [Ildefonso Albano, genro do coronel Franco Rabelo, sucederia Nigueira Accioli, no governo do Ceará]

De reiteradas investidas pelos caminhos habituais da Justiça, determinou a devolução de terras ilegalmente apropriadas ao patrimônio do Estado. E por aí foi o primeiro dos Elpidio com a sua bacia de Mambrini a fazer justiça mundo a fora… Foi-se pobre, na linhagem desprovida dos jaguncos ancestrais de Porteiras.

Pois bem. De bacharéis e das bacharelices da familia, peguemos o lado das virtudes. Alguns destaques de boas prendas intelectuais.

Um dos bacharéis da familia, Djacir Menezes, filho esquecido de Maranguape, de profundos saberes filosóficos, distraia-se lendo textos latinos e gregos, e neles escrevia sob impulsos filosóficos e poéticos.

Dele e do meu caríssimo mestre Eleazar Magalhães, vêm-me as tinturas ralas de latim que levei para estudar leis e o direito com Heribaldo Costa e Paulo Bonavides. Não que por culpa injustificável fossem responsáveis os meus distintos lentes, mas por descuido meu.

Um dia, meu tio Djacir deu-me uma citação [“Quos Deus vult perdere, prius dementat”, Sofocles, “Antígona”, versos 620/623] e pediu-me: leia, traduza e interprete : “Aquele que Deus quer perder, primeiro tira-lhe a razão]. Fiz o que pude diante do olhar crítico tio.

Reavaliando agora a máxima latina, percebo que Deus anda carregado de suspeitas sobre o Brasil e essa gentinha que ele pôs por aqui, na melhor das suas intenções. E não é de agora o seu aborrecimento com a Sua obra.

Da expressão condenatória “Deus é brasileiro”, o Criador não quer ouvir falar. Fica aquela reduçaozinha poética do Chico, “brasileiro, profissão esperança”. Ou a advertência do velho e experiente Tom: “o Brasil não é para principiantes”… Ou quem sabe, preferiríamos a marca “Made in Brazil”?

O restinho de razão e juízo que restaram entre os inquilinos da Providência deixados por aqui, apagou-se justamente entre tropos latinos de longas frases astuciosas e ininteligíveis, cediças na boca dos juízes e objeto de suas perorações e sustentações orais e escritas.

(*) Produto da Glostora para cabelos de quem os tinha…

Paulo Elpídio de Menezes Neto é articulista do Focus, cientista político, membro da Academia Brasileira de Educação (Rio de Janeiro), ex-reitor da UFC, ex-secretário nacional da Educação superior do MEC, ex-secretário de Educação do Ceará.

 

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