Eixo quebrado é consequência da frota de ônibus sucateada

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Ônibus da Santa Cecília com eixo quebrado na rua. Empresas em crise e frota em frangalhos.

Equipe Focus
focus@focuspoder.com.br

O ônibus com eixo quebrado em Fortaleza não é fato isolado. A frota de veículos que compõem o transporte coletivo de Fortaleza não está sendo renovada e tem idade média bem acima do que é tecnicamente razoável. Com a frota sucateada, é previsível que novos incidentes como esse ocorram.

O transporte de passageiros de Fortaleza já foi referência no Brasil. Tanto que costumava ser o serviço público melhor avaliado nas pesquisas que são usuais em períodos eleitorais da Capital.

Até 2012, a idade média da frota era de 3,5 anos. Hoje, a maior parte das empresas mantém veículos rodando que já deveriam estar fora de uso (veja no quadro ao lado).

Focus apurou que são vários os motivos que levaram as concessionárias que atuam no setor a enfrentar a maior crise dos últimos 30 anos. O principal: o valor da tarifa não permite o equilíbrio econômico-financeiro das empresas. A consequência imediata é a não renovação da frota e, portanto, sucatas transportando cidadãos.

Nos últimos anos, a frota de ônibus de Fortaleza perdeu R$ 450 milhões de seu valor. “As empresas não receberam os valores de depreciação ( para poderem renovar) e muito menos conseguiram remunerar o capital. Se endividaram e a Pandemia acabou de agravar a saúde das empresas”, disse uma fonte ligada ao Sindicato das empresas.

A empresa proprietária do veículo com eixo quebrado é a Santa Cecília, cuja crise financeira a levou a optar pela recuperação judicial. A idade média de sua frota é quase três vezes maior que o aceitável. A Siara Grande é outra que está em recuperação judicial e, portanto, sem capacidade de obter crédito no mercado para comprar veículos novos.

“O subsídio aprovado pela Prefeitura era até suficiente para manter algum equilíbrio. Porém, o aumento do diesel, acima de 50% desde janeiro, desequilibrou novamente e não se vê perspectiva de melhoria”.

O outro lado da moeda é o impacto político consequência de um sistema que está em grave crise financeira. Numa metrópole em que a maior parte de sua população de trabalhadores e estudantes usa o ônibus para se locomover, os desgastes para os gestores não tardam a ocorrer caso os problemas não sejam solucionados.

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