EUA aplicam Lei Magnitsky contra Moraes e escalam tensão com o Brasil

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O ministro Alexandre de Moraes durante sessão do STF. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

O que aconteceu:
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira (30) a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. A sanção ocorre em meio ao agravamento da crise entre o presidente Donald Trump e o governo e o Judiciário brasileiros.

Por que importa:
A medida amplia o atrito diplomático e institucional com o Brasil ao atingir um dos principais magistrados do país, responsável por decisões que impactam o bolsonarismo e a integridade das eleições. Ao aplicar a lei contra Moraes, os EUA elevam a temperatura das tensões bilaterais a um novo patamar.


Entenda a Lei Magnitsky

Criada em 2012 pelo então presidente Barack Obama, a Lei Magnitsky permite que os EUA imponham sanções unilaterais a indivíduos de qualquer país acusados de violar direitos humanos ou cometer corrupção — sem necessidade de condenação judicial. Em 2016, a norma foi expandida globalmente.

As sanções incluem:

  • Congelamento de bens em território americano;

  • Impedimento de acesso ao sistema financeiro dos EUA, inclusive cartões e transações em dólar;

  • Proibição de entrada nos EUA (Moraes já havia tido o visto revogado);

  • Suspensão de contas digitais ligadas a empresas como Google, Meta e Apple;

  • Proibição de relações comerciais com cidadãos e empresas americanas.

O nome vem de Sergei Magnitsky, advogado russo morto em 2009 numa prisão de Moscou, após denunciar corrupção estatal.


Reações imediatas

  • O ministro Flávio Dino, do STF, prestou solidariedade a Moraes: “Ele está apenas fazendo seu trabalho.”

  • Nos bastidores, ministros do Supremo veem a medida como um “ataque pessoal” e articulam uma resposta institucional.

  • A chancelaria brasileira avalia emitir nota pública condenando a decisão americana.


Por que Moraes foi sancionado?

Segundo fontes ligadas ao Departamento do Tesouro dos EUA, a sanção estaria relacionada à “violação de liberdades civis” durante investigações conduzidas pelo ministro. A justificativa, porém, é considerada controversa por juristas e organismos internacionais, já que:

  • Moraes atua com aval do Supremo em regime democrático;

  • Não pesa contra ele nenhuma acusação de corrupção;

  • O Brasil é considerado uma democracia com Judiciário independente por rankings como o da Freedom House e o V-Dem.


Vá mais fundo:
Trump tem usado o arsenal Magnitsky como ferramenta política — e a aplicação da lei contra Moraes ocorre no mesmo momento em que o presidente americano articula novas tarifas comerciais contra o Brasil e pressiona por mais alinhamento de Brasília com Washington. A retaliação ao Judiciário é lida como uma tentativa de constranger instituições que, internamente, já enfrentam ataques do bolsonarismo.

No pano de fundo, o gesto de Trump ecoa a retórica de aliados brasileiros que acusam Moraes de abusos de autoridade — tese amplamente contestada por instâncias jurídicas nacionais e internacionais. A iniciativa também tensiona a relação com a comunidade jurídica global e expõe os riscos de uso político de leis extraterritoriais.

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