Evangélicos e 2022: A casa do Senhor está dividida. Por Ricardo Alcântara

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Ricardo Alcântara é publicitário e escritor.

Equipe Focus
focus@focuspoder.com.br

As principais lideranças evangélicas investiram pesado na versão de que seriam proprietários de papel passado do cérebro de seu rebanho. Ao vender (nem sempre no sentido figurado) apoio ostensivo ao governo Bolsonaro, foi com a presumida fidelidade incondicional do seu rebanho.

Na dimensão simbólica, Bolsonaro fez de tudo para merecer a preferência exclusiva ou fazer de conta que acreditava nisso. Seu elo forte com o segmento é a pauta conservadora nos costumes. Mas seria isso vedação suficiente à infiltração de outros apelos? Em sua grande maioria, evangélicos são assalariados, usuários do SUS, moram na periferia e usam transporte coletivo.

Sua condição de classe é tão ou mais determinante do que os valores que cultivam como ideais para a vida privada. Ainda que tenham a cabeça ornada por miragens celestiais, é no chão duro de um país desigual que mantêm seus pés. E aqui, onde a realidade não livra a cara de ninguém, habitam um país em que os preços disparam e o desemprego grassa.

Nada mais previsível, portanto, do que o estouro da boiada que divide ao meio as intenções de votos na casa do senhor. Lula já tem hoje, na nação evangélica, o mesmo percentual de votos potenciais, segundo as pesquisas, de Bolsonaro. O quadro é mais agudo ainda: 43% tem Lula como “o melhor presidente do Brasil”. 19% – metade daquilo – indicam o atual.

A fé que move montanhas não faz chover feijão. A agenda obrigatória de tornar a vida mais fácil não foi atendida a contento. O resultado, eis: 53% de desaprovação ao governo e 60% de rejeição ao candidato. Ainda não há orações para a fome.

Ricardo Alcântara é escritor e publicitário

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