
Eles não nasceram com sobrenomes que abrem portas nem com atalhos que pavimentam o caminho do poder. Vieram do chão batido, das esquinas onde a vida exige mais do que promete, dos espaços em que esforço não é opção — é condição de sobrevivência. São homens e mulheres que transformaram necessidade em destino, estudo em ferramenta, obstáculo em degrau. E foi assim, com trabalho silencioso, coragem persistente e inteligência prática, que chegaram ao topo de suas trajetórias e hoje moldam decisões, ideias e políticas que impactam a vida coletiva.
“Protagonistas”, assinado pelo jornalista Fábio Campos, nasce do desejo de contar essas histórias — não como perfis laudatórios nem como retratos de ocasião, mas como mergulhos profundos em trajetórias que explicam parte do Brasil real. Histórias em que mérito não é retórica de ocasião, mas experiência concreta: a de quem estudou em escolas públicas, pegou ônibus cedo, conciliou estudo e trabalho, enfrentou portas fechadas e ainda assim chegou lá.
São perfis de pessoas que reinventaram o lugar de onde vieram e, ao fazê-lo, também reinventaram as estruturas em que passaram a atuar. Personagens que desafiaram o destino estatístico e se tornaram cérebros políticos, gestores estratégicos, criadores de políticas públicas ou formuladores de ideias — não porque herdaram o direito de estar ali, mas porque o conquistaram.
Cada reportagem desta série busca iluminar o fio invisível que liga a origem ao poder, a biografia ao impacto público, a experiência ao pensamento. Mais do que narrar feitos, queremos entender as forças interiores que impulsionam essas trajetórias, a ética que as sustenta e a visão que as projeta para além do presente.
Em tempos em que a política parece muitas vezes sequestrada por herdeiros e por estruturas que se reproduzem a si mesmas, “Protagonistas” escolhe olhar para outro lado: para a meritocracia que não é slogan, para o talento que não nasce em berço esplêndido, para a liderança que se forja na vida real.
Esta série é, portanto, uma homenagem — mas também um convite. A homenagem a quem constrói a própria história e, ao fazê-lo, ajuda a construir a história coletiva. E o convite para que o leitor olhe com atenção para essas trajetórias, porque nelas talvez estejam as chaves para entender um país que ainda luta para conciliar igualdade de oportunidades com excelência no serviço público, na política e na vida social.
Começamos por Francisco das Chagas Vieira, o intérprete da rua que se tornou cérebro do governo do Ceará. A escolha é por um só motivo: o chefe da Casa Civil encarna o espírito que motiva a existência da série. Mas ele é apenas o primeiro. Outros virão — com diferentes origens, estilos e missões — compondo um mosaico do que o Ceará, o Nordeste, o Brasil tem de mais valioso: gente que, mesmo sem heranças, herdou de si mesma a capacidade de transformar realidade em destino.