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Exclusiva: o rating C da Capacidade de Pagamento (Capag) de 2024 exposta pelo Tesouro Nacional em relação a Fortaleza evidencia que as críticas à gestão de José Sarto (PDT) não são apenas lorota política. Pela leitura dos números e fatos com os que atingiram o IJF, a capital do Ceará viveu tempos de descalabro, desorganização e irresponsabilidade no trato das contas públicas.
O que aconteceu:
A Prefeitura de Fortaleza foi reprovada com nota C (reprovação) no levantamento da Capacidade de Pagamento (Capag) do Tesouro Nacional. O município está em situação crítica, comendo poeira em relação à diversas outras capitais como como Salvador (A+), Belo Horizonte (A+), São Paulo (A), Recife (B+) e Rio de Janeiro (B).
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Por que importa:
O rating negativo expõe a má gestão fiscal da administração de José Sarto, reduzindo a capacidade de investimento, inviabilizando financiamentos externos (empréstimos internacionais) e dificultando o equilíbrio fiscal no curto prazo.
- “A Prefeitura de Fortaleza já caminhava para uma situação financeira crítica”, disse um especialista em finanças públicas ao Focus Poder.
- O município apresenta poupança corrente deficitária, o que confirma a fragilidade fiscal.
O impacto político:
O descalabro financeiro desmoraliza críticas de opositores da atual gestão, como o ex-prefeito Roberto Cláudio e o ex-governador Ciro Gomes, que foram os principais fiadores políticos da reprovada gestão de Sarto. O desgaste compromete o capital político do grupo ligado à antiga administração.
O que pode mudar:
Para melhorar a nota da Capag:
- Aumentar a arrecadação e a receita própria;
- Reduzir gastos públicos de forma significativa;
- Buscar recursos no Orçamento Geral da União.
Mas uma das primeiras ações de Evandro Leitão (PT), novo prefeito, foi abolir a taxa do lixo, que arrecadava entre R$ 150 e 190 milhões por mês.
O contexto:
O Focus Poder já havia alertado em março de 2021 para o risco fiscal da Prefeitura, que mantinha nota C desde 2019, ainda na gestão de Roberto Cláudio. “Há o registro de insuficiência fiscal e insuficiência no grau de solvência na relação de receitas e despesas correntes”, dizia uma fonte na época. A previsão se concretizou.
O que dizem:
“Estamos recebendo uma cidade com desafios enormes, sobretudo econômicos. Onde temos dívidas enormes, mas com capacidade de trabalho e uma equipe eficiente, vamos superar todos os problemas”, disse Evandro Leitão, que afirmo ter herdado uma dívida de R$ 4,6 bilhões.
Comparação com o Estado:
Enquanto Fortaleza enfrenta crise fiscal, as contas do Estado do Ceará mantém um rating A, mostrando maior equilíbrio financeiro, embora ainda haja espaço para avançar até o patamar A+. Veja abaixo.
UF | Indicador 1 | Nota 1 | Indicador 2 | Nota 2 | Indicador 3 | Nota 3 | Classificação da CAPAG |
AC | 38,63% | A | 92,15% | B | -0,43% | C | C |
AL | 90,77% | B | 90,28% | B | 1,01% | B | B |
AM | 40,72% | A | 93,92% | B | 0,82% | B | B+ |
AP | 66,46% | B | 79,36% | A | 0,11% | B | B |
BA | 53,41% | A | 86,97% | B | 5,39% | A | A+ |
CE | 54,81% | A | 90,06% | B | 9,51% | A | A |
DF | 46,62% | A | 92,23% | B | 3,54% | B | B |
ES | 33,75% | A | 81,72% | A | 11,49% | A | A+ |
GO* | – | – | – | – | – | – | C |
MA | 37,58% | A | 89,02% | B | 0,00% | B | B |
MG | 178,05% | C | 94,93% | B | -10,33% | C | C |
MS | 45,03% | A | 87,99% | B | 7,91% | A | A+ |
MT | 12,61% | A | 81,92% | A | 11,91% | A | A+ |
PA | 19,55% | A | 89,97% | B | 1,40% | B | B |
PB | 41,65% | A | 85,27% | B | 24,22% | A | A |
PE | 44,54% | A | 93,48% | B | 0,77% | B | B+ |
PI | 68,56% | B | 92,05% | B | 1,39% | B | B+ |
PR | 49,07% | A | 87,34% | B | 23,68% | A | A+ |
RJ | 203,65% | C | 94,42% | B | -11,24% | C | C |
RN | 27,41% | A | 95,23% | C | -13,91% | C | C |
RO | 41,57% | A | 86,88% | B | 10,29% | A | A+ |
RR | 27,83% | A | 91,35% | B | 9,23% | A | A |
RS | 218,58% | C | 95,57% | C | -9,77% | C | D |
SC | 54,23% | A | 89,44% | B | 8,58% | A | A+ |
SE | 39,49% | A | 90,95% | B | 6,47% | A | A |
SP | 152,38% | C | 89,64% | B | 3,59% | B | B |
TO | 25,87% | A | 90,15% | B | 4,66% | B | B+ |
*A CAPAG de GO foi revisada com base no art. 31, § 1º, inciso II, alínea a da Portaria STN 217, de 2024, e não possui indicadores individuais calculados.