O presidente da Argentina, Javier Milei, enfrentou nesta quarta, 24, sua primeira greve geral. A paralisação, convocada pela Central Geral de Trabalhadores (CGT), principal sindicato do país, durou 12 horas e reuniu milhares diante do Congresso, em Buenos Aires.
Os manifestantes protestaram contra o Decreto de Necessidade de Urgência (DNU), que altera 350 normas de vários setores, e contra a chamada “Lei Ônibus”, um pacote de reformas que inclui privatizações, desregulamentações e novas leis contratuais.
Segundo a CGT, historicamente vinculada ao peronismo, os protestos reuniram 1,5 milhão em toda a Argentina, incluindo 600 mil só em Buenos Aires. Já o governo afirma que o comparecimento foi de apenas 80 mil na capital.
Tensão
Nas primeiras horas de ontem, tensões foram registradas nos pontos de acesso a Buenos Aires. Trabalhadores ligados ao transporte, bancários, saúde, aeroviários e funcionários públicos aderiram à paralisação.
Os primeiros grupos chegaram à Praça de Maio, no centro da cidade, às 9h35. O local estava cercado por forças policiais, que faziam parte da operação “antipiquete” do governo, que incluía caminhões hidrantes e veículos de assalto. Patricia Bullrich, ministra da Segurança, chamou os manifestantes de “mafiosos” em mensagem no X (ex-Twitter).
“Sindicalistas, gerentes da pobreza, juízes cúmplices e políticos corruptos, todos defendendo seus privilégios”, escreveu. “Mas não há greve que possa nos deter, não há ameaça que possa nos intimidar.”
O transporte aéreo foi um dos setores que mais sofreram os efeitos da greve, com cancelamentos e remarcações de voos. A Aerolíneas Argentinas, que está na lista de privatizações, cancelou 295 voos e remarcou outros 26, afetando 20 mil passageiros. Segundo o porta-voz do governo, Manuel Adorni, o prejuízo é de US$ 2,5 milhões. “Infelizmente, todos nós pagaremos a conta”, disse.
Artistas
O setor cultural também aderiu à greve. Na Avenida Corrientes, um dos epicentros da vida artística de Buenos Aires, as livrarias fecharam as portas e os letreiros de néon dos teatros foram apagados. Artistas e personalidades como os músicos Charly García, León Gieco e Fito Páez; os cineastas Santiago Mitre e Lucrecia Martel; e os atores Ricardo Darín e Mercedes Morán expressaram publicamente oposição aos planos do governo para o setor.
Fora da Argentina, diretores de cinema, como Pedro Almodóvar e Alejandro González Iñárritu, além das atrizes Isabelle Huppert e Maribel Verdú, também criticaram as propostas de Milei e apoiaram as exigências de grupos como o Cine Argentino Unido e funcionários do Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais.
Prejuízos
Foi a primeira greve geral que a CGT organizou em cinco anos. A última manifestação deste tipo ocorreu em maio de 2019, durante o governo do ex-presidente Mauricio Macri. O governo argentino calcula os prejuízos totais da paralisação em cerca de US$ 1,5 bilhão. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Agência Estado
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