Ibovespa cai 0,31%, aos 134,3 mil, com aversão a risco e pressão no câmbio

COMPARTILHE A NOTÍCIA

bolsa de valores
Foto: Freepik

O Ibovespa manteve padrão nas últimas quatro sessões: o de alternar ganhos e perdas, tendendo a ajustar mais para baixo do que para cima a cada vez. Analistas apontam que a indecisão do índice da B3 – após ter chegado à máxima histórica de 137 mil pontos do fechamento de 28 de agosto – tem relação com outra quarta-feira, a super do dia 18, quando o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve iniciar o ciclo de afrouxamento dos juros nos Estados Unidos e, por seu turno, o Comitê de Política Monetária (Copom) tende a retomar o ciclo de elevação da Selic. A expectativa majoritária é por corte de 0,25 ponto porcentual, lá, e de alta de 0,25 ponto, aqui.

Dessa forma, o destaque da agenda doméstica na sessão – a deflação do IPCA em agosto (-0,02% no mês, ante consenso a +0,02%) – trouxe pouco efeito para o apetite por ativos brasileiros, em dia de queda do Ibovespa e alta do dólar – a R$ 5,6553 no fechamento (+1,32%), com máxima da sessão a R$ 5,6720 para a moeda à vista.

Assim, o Ibovespa caiu 0,31%, aos 134.319,58 pontos, entre mínima de 133.754,18 e máxima de 134.737,68, correspondente ao nível da abertura. Desde 16 de agosto, o índice ensaiou, nesta terça, o primeiro fechamento abaixo da casa dos 134 mil – que corresponde ao nível recorde anterior, do fim de dezembro de 2023, quebrado neste mês de agosto. No meio da tarde, contudo, conseguiu se firmar acima dos 134 mil. O giro desta terça-feira ficou em R$ 19,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa recua 0,19% e, no mês, perde 1,24%, perto de neutralizar o ganho do ano, agora a 0,10%.

Na B3, as blue chips se alinharam em baixa desde a manhã, com destaque para a queda de Petrobras (ON -2,14%, PN -1,66%), em dia de forte correção no petróleo, tanto em Londres como em Nova York – retração em torno de 4% para o Brent e o WTI na sessão. O dia foi negativo também para Vale (ON -1,20%) e misto para os grandes bancos, com o setor financeiro em parte tendo reverberado, na B3, a indicação de que o Federal Reserve elevará as exigências de capital das instituições que atuam no país, o que pressionou as ações do segmento em Nova York nesta terça-feira.

Por lá, os principais índices fecharam sem direção única, entre -0,23% (Dow Jones) e +0,84% (Nasdaq). Na B3, na ponta perdedora do Ibovespa, destaque para Ultrapar (-3,91%), Assaí (-3,78%) e Petz (-3,71%). No lado oposto, Azul (+3,69%), Vivara (+3,09%) e Multiplan (+2,39%). Entre os maiores bancos, o fechamento foi sem sinal único, com Itaú PN estável no fim do dia e Bradesco conseguindo mostrar leve ganho na ON (+0,28%) e na PN (+0,32%).

“O pregão foi marcado por aversão a risco, com o Ibovespa operando no terreno negativo e, mais uma vez, com volume financeiro abaixo da média, o que é desanimador”, diz Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos. Ele ressalva que, apesar das adversidades, o Ibovespa conseguiu reter em fechamento a linha dos 134 mil pontos – segundo Boragini, um patamar importante do ponto de vista gráfico.

“No início da sessão, a expectativa era por um dia morno, com o mercado aguardando a divulgação do CPI (índice de inflação ao consumidor) dos Estados Unidos, que sairá amanhã. Porém, o anúncio de uma nova proposta de regulamentação bancária tomou os holofotes a partir dos Estados Unidos – um aumento de capital dos grandes bancos americanos em cerca de 9% -, o que afetou negativamente o humor do mercado”, especialmente com relação ao setor, acrescenta o especialista.

Destaque da agenda doméstica nesta terça-feira, “o IPCA veio bom para o apetite por risco, mas ainda há expectativa por aumento de juros no Brasil em setembro, possivelmente de 25 pontos-base”, observa Rodrigo Alvarenga, sócio e assessor da One Investimentos. “O dia foi negativo para o Ibovespa, desde a manhã. Lá fora, há expectativa para o debate desta noite entre Kamala Harris e Donald Trump, e se Trump mostrar favoritismo no debate e ganhar terreno nas pesquisas, a tendência é de apreciação do dólar o que não é positivo para a demanda por ativos de emergentes, como o Brasil”, diz Alvarenga.

Além disso, o dólar também avança frente ao real porque “o mercado estava colocando no preço que o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos ia aumentar bem mais, com apostas de que a Selic poderia subir em meio ponto porcentual nesta reunião de setembro”, aponta Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital. “Apostas essas que estão sendo desmontadas agora, no sentido de que o diferencial de juros entre Brasil e EUA não aumentará tanto – então num primeiro momento o dólar sobe, como está acontecendo agora”, acrescenta.

Nessa ponderação de fatores domésticos e externos – e o efeito que terão para a arbitragem, especialmente com relação a juros -, a deflação registrada pelo IPCA em agosto, divulgada no período da manhã, acabou não sendo um indutor de apetite por ativos brasileiros na sessão. “Uma taxa mensal negativa para o IPCA não era vista desde junho de 2023. Nos últimos 12 meses, o índice acumula alta de 4,24%, abaixo dos 4,50% registrados no mês anterior”, diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

“Ao avaliar as variações mensais, os principais grupos de interesse para o BC desaceleraram na passagem de julho para agosto: serviços (0,24% vs 0,75%), serviços subjacentes (0,28% vs 0,63%), serviços intensivos em trabalho (0,29% vs 0,31%) e a média dos núcleos (0,25% vs 0,43%). Além disso, serviços intensivos em trabalho e a média dos núcleos registram quedas no acumulado dos últimos 12 meses”, enumera o economista, em nota. Por outro lado, serviços subjacentes voltaram a acelerar no acumulado em 12 meses, assim como o índice de difusão – métrica que monitora o espalhamento dos aumentos de preços -, acrescenta

“Outro ponto importante é o crescimento robusto da economia. Embora esse crescimento seja positivo para a atividade doméstica, pode gerar pressões inflacionárias ou retardar o ritmo de desaceleração dos preços”, aponta Sung.

Agência Estado

COMPARTILHE A NOTÍCIA

PUBLICIDADE

Confira Também

Dois históricos antibolsonaristas, Ciro e Tasso juntos no PSDB para construir aliança com a direita

Série Protagonistas: Chagas Vieira, o interprete das ruas

Focus Poder inicia a série Protagonistas com o perfil de Chagas Vieira, o “interprete das ruas”

O “bolsa família” urbano: Lula ordena que ministro da Fazenda estude tarifa zero para o transporte público

Fortaleza desmontou um dos melhores sistemas de transporte urbano do Brasil

A articulação global da China que tem o Ceará como eixo estratégico; Por Fábio Campos

Pesquisa: Disputa pelo Senado expõe força de Cid Gomes, RC resiliente e a fragilidade do bolsonarismo quando dividido

Aprovação sólida mantém Elmano favorito a mais de um ano da eleição

Brasil tem 37,8% de trabalhadores informais; Saiba o tamanho da formalidade e da informalidade no Ceará

Com Camilo ao lado, Lula transforma aniversário de 95 anos do MEC em ato político

Bolsonaro antecipa o jogo e aposta em Tarcísio para 2026

A polêmica anunciada no entorno do Aeroporto Pinto Martins

MAIS LIDAS DO DIA

Justiça suspende lei de Itapipoca que limitava transporte privado de motos por App

Refis 2025 de Fortaleza amplia facilidades e inclui pagamento via Pix

Fortaleza pode liberar apresentações artísticas nas ruas sem autorização do poder público

Foto: Freepik

Petrobras reduz preço da gasolina em 4,9%

Indústria brasileira mostra sinais de enfraquecimento no 3º trimestre de 2025

Fortaleza inaugura primeira Faixa Azul para motocicletas em projeto experimental

TRF de Recife proíbe cobrança de “pedágio” na Vila de Jeri

O país que aposta e perde tem sua própria bnancada da jogatina

Ciro retorna ao ninho tucano: ao lado de Tasso, mas com o PSDB longe de ser o que já foi