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Idosos e custos da saúde: desfazendo mitos. Por Álvaro Madeira

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Álvaro Madeira Neto é médico sanitarista e Gestor em Saúde. Foto: Divulgação

Em um contexto em que a população está envelhecendo de forma acelerada, a saúde pública enfrenta desafios que vão além das análises superficiais convencionais. Contrariando a visão comum de atribuir aos idosos a responsabilidade pelos crescentes custos da saúde, uma análise mais precisa revela que a raiz do problema está na falta de políticas públicas estruturadas que abordem de maneira abrangente e integrada a questão da saúde.

O modelo dos determinantes sociais da saúde, reconhecido pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização Mundial da Saúde (OMS), nos alerta para o fato de que a saúde é diretamente influenciada por fatores próximos e relacionados – os determinantes sociais. Essa compreensão é essencial para irmos além das análises simplistas que atribuem o aumento dos gastos com saúde ao envelhecimento populacional.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, 10,9% da população brasileira era composta por indivíduos com mais de 65 anos, um número previsto para alcançar 15% até 2034. Essa tendência reflete o aumento na expectativa de vida dos brasileiros, atualmente em média cerca de 77 anos, ou seja, um acréscimo de incríveis 32 anos acima das estimativas feitas em 1940. Ao analisarmos a situação no estado do Ceará, podemos observar que é o estado nordestino com a maior esperança de vida, chegando quase aos 75 anos.

Se por um lado existem estimativas que que apontam ser necessário um investimento mínimo de R$ 50,7 bilhões em saúde até 2027 para suprir as necessidades da população idosa, por outro lado, estudos como um produzido na Universidade Georgetown, estima que a economia prateada mundial (nome dado em homenagem aos cabelos grisalhos) movimenta aproximadamente 15 trilhões de dólares a cada ano. Isso nos leva a questionar se por um preconceito, estamos subestimando o potencial econômico e social dos nossos idosos.

A saúde não deve ser vista como uma mercadoria, mas sim como um direito fundamental e inalienável. Isso implica na necessidade de políticas públicas que promovam uma vida saudável, diagnóstico precoce, tratamento adequado, recuperação e reabilitação, além de fornecer cuidados adequados no domicílio.

A economia da saúde deve estar alinhada aos princípios essenciais do Sistema Único de Saúde (SUS), buscando promover uma gestão eficiente e um cuidado humano. Ao recusar a narrativa simplista que atribui exclusivamente aos idosos os crescentes custos na área da saúde, e ao adotar uma abordagem estruturada e socialmente justa, podemos construir um sistema de saúde robusto e sustentável, capaz de atender às necessidades de todos os cidadãos, independentemente da idade.

Quando olhamos para o futuro, a visão de uma saúde pública forte e inclusiva não é apenas um sonho, mas uma meta alcançável. O caminho percorrido pelo SUS, com seus desafios, conquistas e inovações contínuas, é prova viva de que com esforço conjunto e liderança comprometida podemos superar as limitações atuais e criar um legado de saúde que honre a dignidade e contribuição de todos os brasileiros, especialmente nossos queridos idosos.

Os esforços dos governantes atuais em reconstruir e fortalecer o SUS são notáveis. É uma jornada que não apenas busca otimizar recursos financeiros, mas também anseia reavivar o espírito da equidade social em cada política implementada e serviço prestado. Reafirmar nosso compromisso com o SUS é essencialmente celebrar a vida, resiliência e esperança que caracterizam a alma brasileira.

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