
O Santander Brasil registrou lucro líquido gerencial de R$ 3,659 bilhões no segundo trimestre de 2025, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira (30). O valor representa alta anual de 9,8%, mas queda de 5,2% em relação ao trimestre anterior. O número veio ligeiramente abaixo das estimativas de analistas consultados pela Bloomberg, que projetavam R$ 3,73 bilhões.
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) ficou em 16,4%, com leve alta de 0,8 ponto percentual frente ao mesmo período de 2024, e queda de 1,1 ponto frente ao trimestre anterior.
Crédito desacelera
A carteira de crédito ampliada somou R$ 676 bilhões ao fim de junho, alta de 1,5% em 12 meses, mas retração de 1% no trimestre. A margem financeira, que mede o ganho bruto com crédito, somou R$ 15,4 bilhões, crescimento anual de 4,4%, mas queda de 3,3% na comparação com os três primeiros meses do ano.
O custo do crédito subiu para 3,9%, com aumento de 0,2 ponto no trimestre e 0,3 ponto no ano. As provisões contra inadimplência (PDD) alcançaram R$ 6,8 bilhões, alta de 7,4% no trimestre e 16,4% no ano. O banco relaciona a elevação à piora macroeconômica e à implementação da Resolução CMN nº 4.966/21, que exige provisões com base na perda esperada.
Mesmo com as provisões em alta, a inadimplência acima de 90 dias recuou para 3,1%, uma queda de 0,2 ponto percentual em relação ao primeiro trimestre.
Foco na alta renda e impacto do IOF sobre empresas
Para mitigar riscos, o Santander tem reforçado o foco em clientes de alta renda, que agora representam 55% da carteira de cartão de crédito. O banco também reduziu a oferta de crédito pessoal sem garantia.
Outro fator que impactou os resultados foi a elevação do IOF, que reduziu a procura por crédito, especialmente por parte de empresas. Segundo o CEO Mario Leão, a medida provisória que ampliou a cobrança gerou uma “retração brutal na demanda”.
O executivo destacou que o produto mais afetado foi o risco sacado, que posteriormente foi excluído da incidência do IOF por decisão do STF. “Vemos retomada no terceiro trimestre, mas o crédito para PJ ficou mais caro, e isso compromete a capacidade de financiamento das empresas”, avaliou.
Matriz reforça colchão de segurança com R$ 3 bilhões
Diante do ambiente desafiador no Brasil, com a taxa Selic mantida em 15% ao ano, a matriz espanhola do Santander destinou 467 milhões de euros (cerca de R$ 3 bilhões) para cobrir eventuais deteriorações no país.