O fato: O governo brasileiro notificará a Meta, responsável por plataformas como Instagram, Facebook e WhatsApp, para que esclareça as mudanças nas políticas de moderação de conteúdo anunciadas pelo CEO Mark Zuckerberg. A notificação, que será apresentada pela Advocacia-Geral da União (AGU) nesta sexta-feira (10), estabelece um prazo de 72 horas para que a empresa informe sua política específica para o Brasil, conforme anunciado pelo advogado-geral da União, Jorge Messias.
Preocupações com o impacto na sociedade: O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, manifestou preocupação sobre os possíveis impactos da decisão da Meta de suspender o controle de conteúdo em suas plataformas. “Isso impacta a sociedade brasileira em várias dimensões: crianças expostas a conteúdos impróprios, segurança pública comprometida por informações que incitam a prática criminosa e a promoção de discursos de ódio baseados em discriminação de raça, gênero, credo ou região”, alertou Costa.
Além disso, o ministro citou o uso de inteligência artificial para criar vídeos falsos, como o caso recente envolvendo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que gerou impactos econômicos e prejudicou a credibilidade de informações públicas. “Esse tipo de prática compromete a soberania nacional e a economia, pois as pessoas têm dificuldade em distinguir o que é verdadeiro do que é falso”, enfatizou.
Propostas para regulamentação: Para enfrentar o problema, o governo criará um grupo de trabalho interministerial para revisar e aperfeiçoar o arcabouço legal do Brasil em relação às plataformas digitais. Rui Costa defendeu que a liberdade de expressão, um princípio fundamental da democracia, não pode isentar as plataformas de responsabilidade. “É preciso que o tratamento regulatório seja igual para todos, desde uma emissora de TV até redes sociais com alcance massivo”, argumentou o ministro.
AGU cobra transparência da Meta: O advogado-geral da União, Jorge Messias, criticou a falta de transparência da Meta e reforçou a preocupação com os impactos da nova política, especialmente para crianças, adolescentes, mulheres e pequenos comerciantes que dependem das plataformas para seus negócios. “Não permitiremos que a sociedade brasileira fique à mercê de políticas que colocam esses grupos em situação de vulnerabilidade”, afirmou.
A notificação busca esclarecer como a Meta pretende proteger os usuários brasileiros em um cenário de mudanças, destacando a legislação rigorosa do país para a proteção de públicos vulneráveis. “A empresa precisa ser clara sobre suas intenções e compromissos com o Brasil”, concluiu Messias.