Meu cumpadre Trump. Por F J Caminha

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As duas irmãs na década de 60 eram apaixonadas por cantores da jovem guarda. Uma era absolutamente enlouquecida pelo cantor Wanderley Cardoso e a outra por Jerry Adriani.
Tinham todos os discos de vinil, colecionavam figurinhas e revistas com fotos dos dois. Havia uma disputa nos fãs clubes de quem seria o melhor e o mais bonito.
Embora nunca tenham visto pessoalmente os cantores, se sentiam íntimas dos artistas e ainda enviam cartas para eles com declarações do amor e outras manifestações. É até compreensível que essas atitudes e fetiches ocorram em relação a músicos famosos cujas canções emocionam os corações.

Mas agora essa onda passional volta-se para os políticos. Já, logo após a posse do Trump como presidente surge em Goiânia em vários locais da cidade, uma enorme quantidade de “outdoors” com a foto do novo presidente dos Estados Unidos com a inscrição:

“PARABÉNS AMIGO, DEUS O ABENÇOE”.
BEIJO, AMO VOCÊ, DE SUA AMIGA
Ismênia de A. Oliveira.

Parece que, em geral, muita gente precisa cultuar um líder para suprir alguma carência emocional ou manifestar alguma indignação interna. Imagine o esforço e o dinheiro que essa Ismênia gastou para colocar essas propagandas sem nenhum sentido prático.

Agora lembrei de uma história que meu pai me contava.
Nas brenhas do sertão do Ceará Severino e Maria acompanhavam todas as noites no radinho a pilha o programa “A Voz do Brasil”. De tanto ouvir notícias sobre o presidente John Kennedy que lidava, na época, com o episódio da crise dos mísseis russos decidiu colocou o nome do seu quarto filho de “Jony Quenidi” em homenagem ao presidente americano. Mas, não só isso, ele queria que o casal Kennedy fossem os padrinhos.
A influência das notícias sistemáticas sobre a atuação do líder americano fez o casal de matuto se apaixonar por essa personalidade americana ponto de se sentirem íntimos e vinculados emocionante ao casal da Casa Branca.

Contou esse desejo a um cantador e repentista que animava as festas do sertão e ele teria dito que redigiria uma carta para a embaixada americana rogando que John e Jacqueline concordasse em serem os padrinhos. Passados uns dias ele teria recebido a resposta afirmativa e que aceitavam, mas os compromissos diplomáticos o impediam de comparecer ao batizado.

Acontece que em 23 de novembro de 1963, o rádio anunciou o assassinato do presidente John Kennedy em Dallas no Texas.

Severino entrou em desespero ao ouvir a notícia, gritou pela mulher em lágrimas e soluços de dor:

– Ai muié, o que será do futuro de nosso filho. Mataram o cumpade.
A esposa em pânico declarou:

– Imagina como está sofrendo a cumade Jaqueline.

Essas muletas emocionais de perda são tão fortes que quando morreu Elvis Presley um amigo meu na adolescência, entrou em pânico e tomou um porre homérico. Lembro dele num bar chorando e copiosamente em lágrimas e eu o consolando.

Para onde caminha a humanidade José?

 

Francisco Caminha é escritor, advogado, especialista em Ciência Política e servidor público. Foto: Divulgação

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