
Focus Poder apurou que o deputado federal Moses Rodrigues, do União Brasil, foi formalmente convidado a integrar a base aliada do governador Elmano de Freitas. Pelo que se apurou com assíduos interlocutores junto à cúpula governista, o movimento inclui a oferta de uma vaga na chapa majoritária de 2026. Mais propriamente, uma das duas vagas para concorrer a senador.
Esse movimento se deu na sequência do anúncio do ex-prefeito Roberto Cláudio de que se filiará ao União Brasil, colocando-se também como pré-candidato ao Governo em 2026. Na prática, a articulação governista busca minar no nascedouro a formação de uma grande aliança de centro-direita para disputar o Governo do Ceará.
Por sua vez, o presidente Lula trabalha no mesmo sentido. Ou seja, manter fora do palanque da oposição grupos que apoiaram Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022. É o caso do próprio União Brasil, que tem três ministérios.
Detalhe: o governador de Goiás, o oposicionista Ronaldo Caiado, está se colocando como pré-candidato a presidente pelo mesmo União Brasil. Na mesma linha, diversas lideranças do partido estão propondo que a sigla deixe já a base de Lula e se defina claramente como oposição. Difícil é largar o osso dos três ministérios.
O fato é que a investida junto a Moses Rodrigues gera óbvios desconfortos em ninguém mais, ninguém menos que o senador Cid Gomes. E, claro, no também ex-prefeito Ivo Gomes. Afinal, Moses e seu pai, o prefeito de Sobral Oscar Rodrigues, são inimigos figadais de Cid e Ivo.
A família Rodrigues impôs a mais dura derrota da história política dos Ferreira Gomes em Sobral, quebrando uma hegemonia que já durava décadas na região. Até onde se saiba, a rivalidade permanece enquanto Moses e o pai são convidados a compor com o Governo do qual Cid é um dos fiadores mais relvantes
Sabe-se que a aproximação com os Rodrigues visa atrair o União para a base, fragilizar a oposição e sufocar a caminhada de RC. Perguntado a respeito, o governador Elmano de Freitas (PT) confirmou (veja vídeo) que mantém conversas com o União Brasil e a justificou politicamente:
— Nós já tivemos conversas com o União Brasil. Sabemos que o partido tem uma divisão, tem parlamentares e lideranças que são da oposição e outros que são da base.
Antes, ainda em maio, o ministro Camilo Santana já havia adiantado que havia tratativas com o União Brasil, mas sem detalhar termos. Em entrevista ao Diário do Nordeste, Camilo elecou a deputada federal Fernanda Pessoa, o presidente nacional do UB, Antônio Rueda, e o próprio Moses como interlocutores.
O União está confortavelmente sentado em três ministérios e, no Ceará, um de seus mais influentes membros mantém muita proximidade e diálogo com Camilo Santana e Elmano de Freitas. No caso, o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, que já empregou no município Capitão Wagner, duro crítico do “Ceará três vezes mais forte” e um dos cabeças do União no Estado.
Dentro desse complexo tabuleiro, ampliar as pontes com setores do União Brasil, um saco de gatos bem à brasileira, até que tem sentido estratégico para o governo, que busca enfraquecer a oposição e montar uma chapa competitiva para o Senado, alvo de uma penca de pré-candidatos. Certamente, todos se sentindo desconfortáveis com o convite a Moses.
Focus Poder segue acompanhando.