
Por Fábio Campos
fabiocampos@focuspoder.com.br
A maioria das pessoas que você encontra no cotidiano de sua vida – no trabalho, na vizinhança – tem comportamente decente. São boas, agradáveis e dispostas a fazer o bem. Porém, gaste um tempo nas redes sociais e na leitura do noticiário em geral e você sairá convicto de que o mundo foi tomado por pessoas desagradáveis, grosseiras e com insitinto assassino. Por lá, comemora-se até a morte.
Como bem disse o escritor italiano, Umberto Eco, “a internet deu voz a uma legião de imbecis”. E eles costumam ser estridentes.
No entanto, não nos deixemos enredar pela imbecilidade. De fato, ela não reina. Pesquisa realizada no Brasil pelo instituto Locomotiva concluiu o seguinte: “58% dos brasileiros não dá a mínima para as virulentas discussões online e está mais ocupada em tocar o dia a dia e sonhar com um governo que trabalhe, apenas isso, provendo emprego, saúde, segurança e educação – ou ao menos um governo que não atrapalhe a vida dos cidadãos” (trecho do editorial do Estadão desta segunda-feira).
Segundo a pesquisa, um em cada três brasileiros (31%) cerram fileiras com os extremos do espectro político (13% à extrema-esquerda e 18% à extrema-direita), 36% dos eleitores não se identificam com qualquer campo político e outros 22% se declaram de centro. A consulta foi feita entre os dias 26 e 30 de novembro do ano passado, o instituto ouviu 1.315 pessoas – homens e mulheres com mais de 16 anos – em 142 municípios de todos os Estados e do Distrito Federal.
A maioria silenciosa é contudente e poderosa eleitoralmente tanto aqui quanto nos EUA. Recente texto do site Axios.com mostra que “o poder crescente e a proeminência dos gritos mais altos e maldosos do país obscurece o que a maioria de nós experimenta pessoalmente: a maioria das pessoas é sã e generosa – e ocupada demais para postar em redes sociais”.
“Investigamos os dados e descobrimos que, de fato, a maioria dos americanos é amigável, doa tempo ou dinheiro e o ajudaria a remover sua neve do jardim. Eles são ocupados, normais e principalmente silenciosos”, aponta o texto.
Quem compõe essa maioria silenciosa e trabalha? “Não são aqueles com grandes seguidores nas redes sociais ou com contratos de emissoras de notícias na TV a cabo – e elas não tentam provocar brigas nas reuniões do conselho escolar”.
Veja mais conclusões do texto do site de notícias dos EUA.
-As pessoas que recebem os cliques e a cobertura distorcem nossa verdadeira realidade
– 75% das pessoas nos EUA nunca tweetam.
-Em uma noite de semana média em janeiro, apenas 1% dos adultos norte-americanos assistiam à Fox News no horário nobre. 0,5% sintonizado em MSNBC. São duas TVs a cabo que apostam na polarização.
–Quase três vezes mais americanos (56%) doaram para instituições de caridade durante a pandemia. Bem mais que os 21% que doam dinheiro a políticos e partidos
📊 Um gráfico que vale a pena compartilhar: por mais polarizados que pareçam os Estados Unidos, os Independentes – que estão em algum lugar no meio – formam o maior grupo. Na pesquisa Gallup feita em 2021, 29% dos americanos se identificaram como democratas… 27% como republicanos… e 42% como independentes.
Conclusão do Axios: a tendência atual sugere que a política ficará mais tóxica antes de se normalizar. Mas a maioria silenciosa nos dá esperança além da loucura.







