Um Estado deve ser do tamanho da sua capacidade de organização, Friedrich Ratzel, do seu conceito de “Espaço Vital”, Lebensraum.
A busca e a defesa do “espaço vital” acompanhou como propósito, intenção e decisão, as campanhas de conquista do mundo conhecido, nas patas dos cavaleiros e da Cavalaria, com os estandartes das Cruzadas, pelas hordas barbaras surgidas dos confins da Civilização com os povos autodenominados “de Deus”.
Em nome de Deus, das Revelações da fé e do poderio de Leviatã, o espaço, estrategicamente identificado como “vital”, justificativa tanto militar quanto geopolítica, foi associado à conquista e à riqueza, à vida e à sobrevivência.
Por estes desvãos latino-americanos , a abundância das terras e a prodigalidade da natureza não fizeram notório, de começo, o espaço “vital”.
No período colonial, os descobridores, os exércitos em armas e os catequizadores, virtuosos apresadores de almas recalcitrantes, desceram em terras alheias e foram ocupando os espaços, e criando as regras de ocupação, domínio e submissão.
As imensidões por ocupar e as populações originárias espalhadas pelas florestas, por terras inóspitas e montanhas, não alimentavam o ânimo para lutar em defesa da ocupação do território e pelo que ocupar…
O cenário político e geopolítico mudou, porém, acentuadamente, nestes anos recentes.
O espectro de um continente, tomado por guerrilhas e sortidas entre os governos autoritários que se multiplicam na Região, faz imaginar um quadro trágico de lutas intestinas. As ideologias desembarcadas, com anos de atraso e espera, frutificaram por aqui, e deitaram raizes seguras na pobreza, na miséria, na persistência de elites oligárquicas travestidos em governos revolucionários.
Paira dobre nós a ameaça de um incontrolável processo de “vietnamização” — se é que há ainda quem possa entender o significado dessa imagem longínqua —, estereótipo de uma guerra de desmanche de nacionalidades e de culturas e de fronteiras.
A história do Ocidente foi escrita pelo desafio das nacionalidades em face do “espaço vital” estratégico para a expansão dos grandes impérios. Guerras de conquista, campanhas militares de ampliação territorial, uma corrida diplomática e guerreira especiosa para acomodação civilizacional em um mundo em transição anunciam um cenário inédito para os que habitam este lado do mundo. É o que se anuncia por estes lugares habitados por nós, mercê dos desafios de um totalitarismo agressivo, sob as asas desse Leviatã insone e ameaçador.