
A gestão do então prefeito José Sarto (PDT) é alvo de investigação por ter distribuído mais de 3,6 mil “papéis da casa” sem valor jurídico durante a campanha de 2024. O caso foi revelado em reportagem do O Povo, assinada por Karyne Lane e Ludmyla Barros.
O que aconteceu
Entre agosto e dezembro de 2024, nove comunidades de Fortaleza receberam títulos de legitimação fundiária entregues como se fossem escrituras definitivas. Sem registro cartorial nem Certidão de Regularização Fundiária, os documentos não conferiam propriedade.
O Ministério Público do Ceará apura se houve improbidade administrativa e uso eleitoral do programa habitacional. A vereadora Adriana Gerônimo (PSOL) levou o caso ao MP e acusa a antiga gestão de “enganar o povo” com promessas de moradia digna.
As versões
• Carlos Kleber, ex-secretário da Habitafor, afirma que os títulos eram apenas a primeira etapa do processo de regularização e tinham validade administrativa.
• Sarto sustenta que cumpriu a lei e nega qualquer uso político. Classifica as denúncias como “irresponsáveis e inverídicas”.
• Jonas Dezidoro, atual titular da Habitafor, diz que a entrega de papéis sem efeito legal fragilizou a confiança das famílias e a credibilidade da política habitacional.
O impacto
Milhares de famílias ficaram entre a esperança e a frustração. Muitas só receberam o verdadeiro papel da casa — a matrícula registrada em cartório — já na nova gestão, em 2025.
E na urna?
Se a intenção era render dividendos eleitorais, não funcionou. Sarto terminou a eleição de 2024 em melancólico terceiro lugar, com 11,75% dos votos, tornando-se o primeiro prefeito de Fortaleza a não conseguir se reeleger desde que a reeleição foi instituída.