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O livro de Tobias: uma história edificante. Por Lino Rampazzo

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Lino Rampazzo é Doutor em Teologia, Professor no Curso de Teologia da Faculdade Canção Nova. Foto: Divulgação

No século III antes de Cristo um grande número de judeus moravam no Egito, em Alexandria. O nome desta cidade era uma homenagem ao famoso Alexandre (356-323 a. C.), criador de um grande Império que, a partir da Grécia, passando pelo Egito, chegava até a Índia.

As suas conquistas levaram a ‘impor’ a língua grega. Por isso, muitos judeus que moravam em Alexandria já não falavam o hebraico, mas apenas o grego. Daí surgiu a iniciativa de traduzir toda a Bíblia do Antigo Testamento do hebraico para o grego. E, como, segundo uma tradição, os tradutores da Bíblia do hebraico para o grego teriam sido setenta, esse texto foi chamado a Bíblia dos Setenta (LXX).

A tradução foi realizada aos poucos e, além disso, na Bíblia Grega estão sete composições novas, a saber: Tobias, Judite, os dois Livros dos Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc. São os chamados livros deuterocanônicos, quer dizer, reconhecidos como textos oficiais da Bíblia num segundo momento; e são aceitos pelas Igrejas Católica e Ortodoxa.

Como escreveu corretamente o biblista francês Pierre Benoit, no seu livro ‘Exegese et Theologie II’ (1961), inspirando a tradução grega da Bíblia, o Espírito Santo não repudiou a primeira etapa da Bíblia escrita em hebraico, mas a desenvolveu rumo ao universalismo cristão.

O livro de Tobias (Tb) é um deles e está dividido em catorze capítulos. O nome Tobias, abreviatura hebraica de ‘Tôbiyyâh’, significa ‘Deus é bom’. Esse livro, no texto grego chamado de Tobit, foi escrito por volta de 200 anos Antes de Cristo, para os judeus que moravam fora da Palestina, especialmente em Alexandria. Apesar de ser ‘deuterocanônico’, o livro era muito popular entre os judeus no tempo de Jesus e nos ajuda a conhecer a espiritualidade judaica da Diáspora, quer dizer, dos lugares daqueles judeus que moravam fora da Palestina.

Tobit, um exilado da tribo de Neftali, residente em Nínive, capital da Assíria, piedoso, observante, caridoso, fica cego. Seu parente, Ragüel, em Ecbátana, tem uma filha, Sara, que viu morrer sucessivamente sete noivos, mortos na noite do casamento pelo demônio Asmodeu. Tobit e Sarah, cada qual por seu lado, pedem a Deus que os livre desses infortúnios e, dessas duas preces, Deus faz uma grande alegria: envia seu anjo Rafael, que conduz Tobias, filho de Tobit, à casa de Ragüel, faz que ele se case com Sara e lhe dá o remédio que curará o cego.

É uma história edificante, na qual têm lugar notável os deveres para com os mortos e o conselho de dar esmola. O sentimento de família aí se exprime com emoção e encanto. Desenvolve uma noção muito elevada do matrimônio, quase uma antecipação do conceito cristão.

O anjo Rafael, cujo nome significa ‘Deus cura’, manifesta e ao mesmo tempo esconde a ação de Deus, do qual é instrumento. É essa providência cotidiana, essa proximidade de um Deus benévolo, que o livro convida a reconhecer.

Nesse livro, percebe-se que os judeus, morando fora da Palestina num meio pagão, como cidadãos cooperam com os governantes justos, mas defendem-se dos injustos e daqueles que não lhes dão a liberdade de seguir a Lei de Moisés.

O livro de Tobias contém belíssimas preces de louvor, de súplica e de ação de graças, comparáveis aos mais belos salmos, sobretudo a ação de graças do capítulo 13: “Bendito é Deus, que vive para sempre, e bendito é seu Reino! Ele castiga e tem compaixão, faz descer até o fundo do abismo e faz, pela sua majestade, voltar da perdição. Não há quem possa fugir da sua mão. Celebrai-o, filhos de Israel, diante das nações para o meio das quais ele os dispersou e aí mostrou sua majestade. Exaltai-o diante de todos os viventes, pois ele é o nosso Senhor, ele é o nosso Pai, ele é o nosso Deus por todos os séculos”.

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