“Great minds discuss ideas; average minds discuss events; small minds discuss people.”
Eleanor Roosevelt.
Traduzindo: “Grandes mentes discutem ideias; mentes medianas discutem eventos; mentes pequenas discutem pessoas.”
À primeira vista, é apenas uma frase elegante, dessas que cabem numa rede social. Mas quando a deixamos repousar por alguns instantes sobre a consciência, ela começa a se revelar como um espelho, e não um espelho liso, mas um que distorce e devolve, nas suas curvas, o contorno exato de onde estamos e para onde estamos olhando.
Falar de pessoas, apenas de pessoas, é como olhar a vida pelo buraco da fechadura. Vemos fragmentos de histórias, recortes de gestos, pedaços de erros e acertos. O ar é estreito, a visão é curta. É um território onde o outro é personagem de uma narrativa que nós não escrevemos, mas insistimos em interpretar. É a conversa que se alimenta do rumor e se sacia na conclusão apressada.
Falar de eventos é abrir a porta, mas ainda permanecer no alpendre. Passamos a enxergar o quintal e a rua, notamos as mudanças do clima, os ruídos da vizinhança. Observamos fatos, encadeamos causas e efeitos, e talvez até opinemos sobre o que poderia ter sido feito. Mas permanecemos, de certo modo, cronistas daquilo que já se deu, narradores do passado imediato.
E então vêm as ideias. As ideias não são um lugar, são viagem. Elas nos arrancam do chão conhecido e nos colocam em movimento. Uma ideia não se contenta em explicar o que houve; ela quer propor o que ainda não houve. É como sair pela estrada antes do sol nascer, quando as formas ainda são sombras e o horizonte é apenas uma promessa. Discutir ideias é ter a coragem de arriscar, de imaginar outros caminhos, de semear perguntas que talvez nunca tenham respostas, mas que mudam a paisagem só por terem sido feitas.
E aqui está um segredo que a frase de Eleanor insinua, mas não declara: não é que uns nasçam grandes e outros pequenos. É que cada um de nós escolhe, em cada conversa, o tamanho do espaço onde vai habitar. Podemos viver eternamente no quarto apertado das fofocas, na varanda confortável dos acontecimentos, ou na vastidão desafiadora das ideias.
No final, talvez a grandeza não esteja na mente em si, mas na direção que ela decide seguir. Porque toda fala é um espelho, e o que escolhemos discutir é, quase sempre, o que nos define por dentro.
