Acerca da sucessão no Ceará, a TPE (Tensão Pré-Eleitoral) continua tomando conta dos humores e das conversas de bastidores, que são pródigas em teorias as mais diversas. Umas conspiratórias e outras nem tanto. Há uma imensa diferença entre o que há de fato e o que é mera suposição, aposta ou desejo de um ou de outro interlocutor.
A mais nova dos bastidores dá conta de uma suposta chapa para a eleição majoritária que teria o ex-deputado estadual Eudoro Santana como suplente de Camilo Santana na disputa da vaga de senador. É, pode ser. Muito embora o familismo não tenha sido uma característica de Camilo à frente do Governo. Além disso, a aliança é grande demais e há muitas demandas a acomodar. Porém, em política, não é aconselhável descartar possibilidades.
A propósito, o restante dessa chapa seria formada por Izolda Cela para o Governo e Domingos Filho na vice.
A viagem de Roberto Cláudio com Ciro Gomes para um evento em Boston, nos EUA, foi rapidamente apontada como um indício definitivo favorável ao ex-prefeito de Fortaleza. Até uma menção de Ciro durante o evento, que tratou RC de forma correta apontando-o com “um dos possíveis” candidatos a governador, chegou a ser apresentada como uma declaração de escolha.
Sim, RC é naturalmente um nome forte e tem a confiança de Ciro. No entanto, não se concretizou nenhuma ação com ares de definitiva na fala de Ciro, que foi cuidadoso com as palavras. Quem conhece o ex-prefeito de Fortaleza, sabe que ele sabe que movimentos de bastidores forçando situações em nada ajudam e, no limite, podem até prejudicar.
Na prática, forçar a barra sinaliza alguma ansiedade. Porém, fica a questão: a entidade máxima do PDT do Ceará tem o poder de decidir quem será o candidato do grupo no Estado? Sim, claro que tem. O histórico já demonstrou isso e Roberto Cláudio tem uma forte relação com Ciro.
O que há de concreto até aqui é o seguinte: as circunstâncias políticas colocaram o nome de Izolda na linha de possibilidades. E, até aqui, em nenhum momento, a governadora renegou a tese. Portanto, está disponível para ser candidata. E quem assim se comporta acaba alimentando, mesmo por osmose, os movimentos, articulações e conspirações dos interessados que rondam o processo político.
Concreto também é um quadro com quatro pré-candidatos do PDT ao Governo do Ceará: RC, Izolda, Evandro Leitão e Mauro Filho. Quando há quatro candidatos a candidato, a dinâmica da política ensina que, ao fim das contas, terá que haver muita conversa para contemplar as demandas dos divernos atores, protagonistas e coadjuvantes. E, sim, pode haver soluções finais não exatamente as mais esperadas.
O nome de Izolda se interpôs por fatores que nem sequer a governadora controla. Sua ascenção ao mandato de autoridade máxima do Ceará veio junto com declarações de animosidade de parte do PT em relação a Roberto Claúdio. Na mesma conta e padrão, também a animosidade de Eunício Oliveira, que controla o MDB e mantém relações de proximidade com Camilo Santana.
Portanto, são diversos interesses em jogo. Há, de fato, declarações oriundas de um e de outro segmento político fazendo pressão contrária à candidatura do ex-prefeito de Fortaleza e favorável à Izolda que acabam gerando energia extra e mais movimento no processo. É natural.
As águas de março se foram. As de abril estão caindo. Maio é o ultimo mês da quadra chuvosa. Junho e julho já chegam e o dia 5 de agosto é a data limite para a realização de convenções partidárias. Portanto, a meia-noite deste dia é o dead line para a escolha do candidato.
A coisa toda vai demorar até cinco de agosto para o PDT escolher o seu candidato ao Governo? Não se sabe. Afinal, isso depende de vários fatores. Entre os quais, a sinalização das pesquisas. Elas podem dizer que é preciso mais pressa em colocar o nome do candidato na rua que assim ganhará mais tempo para ser exposto ao escrutínio do distinto público.
Normalmente, a decisão final costuma se arrastar até ao limite do tempo. É a práxis mais usual. Afinal, numa aliança tão ampla, é preciso muita conversa. Há fatores nacionais que também vão influenciar no Ceará. O desempenho de Ciro Gomes nas pesquisas é um deles.
Ciro Gomes já admite que precisa demonstrar viabilidade até maio ou junho para conseguir apoio de outros partidos. “Eu preciso demonstrar para eles que eu sou viável”, afirmou. Fica a questão: e se as pesquisas não lhe forem favoráveis, haverá impactos no Ceará? Cid Gomes se tornaria assim uma opção meio que obrigatória, inclusive para pacificar a base? Enfim…
Outro fator que continua chamando a atenção é o desempenho de José Sarto à frente da Prefeitura de Fortaleza. A pesquisa recentemente publicada pelo jonal O Povo apontou uma desaprovação de 57%. É um percentual muito alto. Caso seja uma tendência ainda em formação, o temor é que esse índice esteja pior em outubro.