Esta quinta-feira, 10/10, produziu importantes movimentações que poderá definir os resultados do segundo turno em Fortaleza. Logo pela manhã, declarações do ex-secretário dos governos de Luizianne Lins e petista histórico, Geraldo Accioly, à Rádio O Povo CBN alertava o PT acerca dos erros e da mesmice que estava a observar na campanha de Evandro Leitão.
Com absoluta razão, o petista cobrava que a visita de Lula à cidade, nesta sexta, produzisse acerto entre as lideranças do partido, com destaque para Camilo Santana e Luizianne, que até agora não deu o ar de sua graça nem pôs seu capital político para agir a favor da candidatura de seu partido.
À tarde a movimentação do mercado político se deu pela publicação de uma nota de André Figueiredo, presidente nacional do PDT, em que dava conta da neutralidade do partido e da liberação dos líderes para se posicionarem no pleito. A mesma coisa foi feita, à noite, pelo prefeito José Sarto, lançando um considerável banho de água fria no QG do PT, que esperava uma repetição daquilo que fizera a favor de Sarto, quatro anos atrás, na disputa contra Wagner. Para lembrar: mesmo após os inúmeros ataques que a campanha do PDT desferiu contra Luizianne Lins naquela eleição, o PT deu a Sarto um “apoio crítico”, sendo de vital importância para a estreita vitória contra Wagner.
Agora, com um adversário de extrema-direita muito mais potencializado do que Wagner em 2020, o PDT se cala, mesmo que André tenha sido tantas vezes nomeado, neste primeiro turno, como “filhote de Bolsonaro”.
Dois fatos, porém, deram uma sobrevida ao QG de Evandro: o apoio anunciado de Acilon Gonçalves, importante cacique político da Região Metropolitana e que ainda é filiado ao PL de André; e os números da pesquisa DataFolha, que mostraram um já recuperado fôlego/crescimento após a votação do último domingo, dando mostras de que a eleição poderá ser uma reedição de 2022 não apenas por opor PL e PT, mas também pela margem estreita de votos do vencedor sobre o derrotado.
Apesar disso, dois índices do DataFolha são de vital importância:
1- enquanto André tem 92% de intenção de votos entre os eleitores de Bolsonaro em 2022, permitindo-lhe repetir a estratégia de 1º turno e não “chamar” Bolsonaro para cá, desnacionalizando assim sua campanha, Evandro crava apenas 70% das intenções daqueles que votaram em Lula em 2022 (outros 21% declaram voto em André), o que faz de Evandro um candidato ainda mais dependente do capital político do petista;
2- há uma muralha a ser transposta pelo petista entre os evangélicos: 67% dos entrevistados deste segmento o rejeitam e 69% deles declaram voto em André. Isso deverá fazer a campanha do PL apostar fichas no imaginário do “PT anticristão”.
Se isso foi a quinta-feira, esta sexta será ainda maior, com a presença de Lula na cidade e a estreia do HGPE na tv e no rádio.