
O fato: A Polícia Federal, em parceria com o Ministério Público de São Paulo, deflagrou nesta terça-feira (25) a Operação Hydra, que investiga a relação das fintechs 2GO Bank e Invbank com a lavagem de dinheiro da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Prisões e bloqueios: A ação resultou na prisão preventiva do policial civil Cyllas Salerno Elia Júnior e no cumprimento de dez mandados de busca e apreensão em São Paulo, Santo André e São Bernardo do Campo. Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 27,9 milhões em oito contas bancárias e a suspensão temporária das atividades das duas fintechs.
Esquema financeiro: As investigações tiveram início após a delação premiada de Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, assassinado em novembro de 2023 no Aeroporto de Guarulhos. Ele revelou que as fintechs recebiam dinheiro de Anselmo Becheli Santa Fausta, o “Cara Preta”, e Rafael Maeda, o “Japa”, ambos ligados ao PCC. Cara Preta foi morto em 2021 e Japa, em 2023.
Segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), as fintechs eram usadas para disfarçar a origem do dinheiro e facilitar a compra de imóveis de luxo. O 2GO Bank, fundado por Cyllas, já havia sido alvo de outra operação da PF em novembro de 2023, quando o policial foi preso e solto no mês seguinte.
O relatório de inteligência financeira aponta que o 2GO Bank atuava como banco para casas de apostas, corretoras de criptomoedas e investidores do mercado esportivo. Já a Invbank teria sido criada para firmar contratos com construtoras e “esquentar” dinheiro ilícito. A empresa Becheli Administração de Bens Próprios Ltda., de Cara Preta, era sócia oculta da fintech, e juntas investiram milhões em um condomínio de alto padrão na região central de São Paulo.
Operação antecede denúncia contra policiais e empresários: A Operação Hydra ocorre dias após o Gaeco denunciar 12 pessoas, incluindo policiais civis e empresários, por lavagem de dinheiro e crimes contra a administração pública, no âmbito da Operação Tacitus. O Ministério Público aponta um esquema de conluio entre delegados, investigadores e integrantes do PCC, incluindo manipulação de investigações e apropriação de bens de Gritzbach.
Além das condenações, a Promotoria solicita o confisco de R$ 40 milhões como ressarcimento à sociedade.