O Partido Liberal (PL) oficializou, em Brasília, a pré-candidatura da vereadora Priscila Costa ao Senado Federal em 2026. A cerimônia, na noite de quarta-feira (24), em Brasília, reuniu lideranças nacionais da sigla e teve tom de aposta estratégica para ampliar o espaço do bolsonarismo no Nordeste. E, claro, com evidentes impactos nas articulações políticas do Ceará (leia mais abaixo).
O lançamento
Priscila, vereadora mais votada de Fortaleza em 2024 — com 36.226 votos —, recebeu apoio direto de Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher, e de Valdemar Costa Neto, presidente nacional do partido. Michelle exaltou o papel da cearense na coordenação da campanha de André Fernandes à prefeitura de Fortaleza em 2024 e falou em “rede de mulheres com visão política”.
“Essa é a nossa menina, a pré-candidata ao Senado do Ceará”, disse Michelle.
Valdemar reforçou o discurso:
“Michelle teve grande visão ao apostar em você. Se Deus quiser, em 2027 estará tomando posse como senadora.”
Força dentro do PL
Priscila Costa preside o PL Mulher no Ceará e, desde janeiro, é vice-presidente nacional do movimento feminino da legenda. O ex-presidente Jair Bolsonaro já havia encorajado a candidatura.
Disputa acirrada em 2026
O Ceará terá duas vagas ao Senado em disputa. Além de Priscila, o PL cogita lançar o deputado estadual Alcides Fernandes, pai de André Fernandes, também apadrinhado por Bolsonaro. A movimentação indica que o partido quer chegar competitivo à eleição, mirando espaço que historicamente é dominado pelo governismo no Ceará.
🔍 Vá mais fundo
A oficialização da candidatura de Priscila consolida a estratégia de Michelle Bolsonaro de fortalecer mulheres no núcleo duro do PL e cria um teste para a capacidade do bolsonarismo de romper hegemonias tradicionais no Ceará — onde as máquinas políticas de Camilo Santana e dos Ferreira Gomes dominam o tabuleiro há décadas.
O PL do Ceará vem participando das articulações para a composição em torno da aliança com Ciro Gomes. O anúncio de Priscila precipita um cenário de tensão: cria risco de ruptura entre a direção nacional e o comando local e pode enfraquecer a oposição no Ceará em 2026.
Um detalhe chama atenção nos bastidores: Priscila nunca frequentou os tradicionais convescotes que reúnem as principais lideranças do PL cearense, do União Brasil (Capitão Wagner) e da nova oposição encabeçada por Ciro e Roberto Cláudio. Sua ausência nesses círculos reforça a percepção de que sua pré-candidatura não nasceu de articulações locais, mas trata-se de um projeto construído de fora para dentro, impulsionado diretamente pelo núcleo bolsonarista de Brasília.
Outro detalhe: se o PL compor a aliança em torno de Ciro Gomes terá que dividir a chapa de senador com outro partido, ficando somente com uma das vagas. Como o deputado estadual Alcides Fernandes, pai de André Fernandes, também é apontado como pré-candidato ao Senado, haveria uma questão a ser resolvida.