PT: a necessária distância entre a indignação e o ódio; Por De Assis Diniz

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Novamente, o quadro eleitoral mostrou uma disputa acirrada contra a extrema direita. Este contexto, infelizmente, não é exclusivo do Ceará ou do Brasil. No mundo inteiro, os discursos e ações que pregam o ódio, a ignorância e o preconceito ganharam força. Num primeiro momento, com o apoio – velado ou explícito – dos grandes meios de comunicação de massa. Depois, com a explosão das redes sociais na Internet, a situação piorou ainda mais, com a disseminação descontrolada de fake news de forma profissional.

Mas não pensem que o problema se restringe ao mundo virtual. As igrejas pentecostais tornaram-se um esteio importante para afirmação de uma gramática política, social e econômica tosca – para não usar um termo mais forte – na qual conceitos são distorcidos de forma acintosa, a mentira é quase um método e a prosperidade é vendida como fruto exclusivo do esforço individual, onde o Estado e a ciência são entidades nefastas que atrapalham seu sucesso.

Nesta realidade paralela, o dicionário da extrema direita tem verbetes absurdos. Patriota é aquele a venda do patrimônio público para grupos estrangeiros. Cidadão de bem é um homem branco, hétero e de classe média que defende o porte de armas e a sonegação de impostos. Estudante – principalmente o universitário – é um jovem maconheiro influenciado por ideias de esquerda e o professor, um doutrinador comunista. Cientista é uma pessoa que recebe dinheiro público para promover pesquisas sem importância que não geram retorno financeiro.

Tem mais. Na ótica da extrema direita, empresário é o único profissional responsável pelo desenvolvimento do país, mesmo massacrado por impostos e direitos trabalhistas. Pobre é alguém que não se esforçou o bastante. Gay é um depravado, pedófilo, que ainda não aceitou Jesus. Feminista é uma mulher que não gosta de homem e não depila as axilas.

Movimento negro é um grupo de ressentidos que promovem o racismo reverso. Pessoas de religiões afro viram “macumbeiros”, que cultuam demônios e praticam magia negra. Nordestinos são burros e preguiçosos. Ditadura militar foi um movimento cívico militar que livrou o Brasil do comunismo. E por aí vai.

Evidentemente, neste cenário destituído de lógica e compreensão histórica dos fatos, o PT virou alvo preferencial, por remar em direção diametralmente oposta, por combater uma elite conservadora que há séculos patrocina a desigualdade no Brasil. Por lutar por mais direitos para a classe trabalhadora. Por implementar políticas sociais que combatem a fome e a miséria. Por adotar medidas econômicas focadas na coletividade, que gerem emprego e renda para a maioria. Por apresentar leis que promovem a igualdade racial e de gênero, a liberdade religiosa e de orientação sexual, além de investir na cultura e nas artes. Por acreditar na ciência e na educação como pilares fundamentais para o desenvolvimento humano pleno. Por acreditar na sustentabilidade e na preservação do meio ambiente como fatores garantidores do nosso futuro. Por resguardar a democracia e as instituições como valores fundamentais da política.

Por isso, não se intimidade quando citarem o “antipetismo” como um problema. Pelo contrário, se orgulhe. Afinal, o antipetismo sempre existiu. A elite que brasileira fomentou o antipetismo quando o PT reorganizou o movimento sindical e lutou contra a ditadura militar. Quando o PT se posicionou contra o neoliberalismo tucano que privatizava o patrimônio público e retirava direitos trabalhistas. Agora, com o crescimento da ideologia fascista, novamente, o PT é o inimigo a ser derrotado.

Ora, se somos os inimigos destas elites carcomidas, que só sabem explorar pobres, retirar direitos e desregulamentar o Estado, então estamos do lado certo da história. E justamente por isso, não podemos mais aceitar calados palavras e gestos de quem nos ofende, nos agride, nos calunia. O PT tem a mais bela história de um partido político no Brasil. Todas as conquistas sociais e trabalhistas dos últimos 30 anos têm o dedo do PT.

Então quando falarem mal do PT, reaja. Eles querem que você confunda indignação com ódio. Chega! Não podemos ser tolerantes com a mentira, com a violência, com a barbárie fascista. Argumente. Vá pra cima. Mostre o que já fizemos e o que continuamos fazendo. São milhões que voltaram a trabalhar e a comer três vezes por dia. Que voltaram a estudar e a sonhar com dias melhores. Que compreendem o Brasil como um país de todos e todas, onde a felicidade precisa ser da maioria e não somente de alguns. O PT precisa do Brasil. O Brasil precisa do PT.

Franciso de Assis Diniz (PT) é deputado estadual e líder do bloco de apoio ao governo Elmano de Freitas.

De Assis Diniz

Deputado estadual

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