Quanto vale a marca do seu negócio? Por Frederico Cortez

COMPARTILHE A NOTÍCIA

Frederico Cortez é advogado, sócio do escritório Cortez & Gonçalves Advogados Associados. Especializado em direito civil, empresarial e direito digital. Autor de diversos artigos e referência bibliográfica em trabalhos acadêmicos e obras jurídicas.

Por Frederico Cortez

Na semana passada, a marca “Daslu” da extinta e exclusiva loja de artigos de luxo foi arrematada por R$ 10 milhões, mesmo após o fim da sua atividade empresarial em 2016 e com uma dívida de quase R$ 100 milhões à época. Detalhe que, neste tempo não existiam ainda o comércio eletrônico, as plataformas digitais de pagamento e a utilização das redes sociais como vitrine digital para a oferta de produtos e serviço.

Para muitos isso foi uma surpresa, o que avalio como um movimento já esperado em razão da utilização de marcas fortes aplicadas em lojas físicas e que agora migram ou renascem no mundo do comércio digital.

O Brasil ainda engatinha quando o assunto é proteção da marca empresarial. Pouquíssimos empreendedores têm a sábia visão de proteger e garantir a exclusividade da marca do seu negócio, criando assim mais um ativo para a contabilidade empresarial. De certo que essa visão míope por parte da grande maioria dos empresários e empresárias brasileiros para a falta dessa rubrica contábil no negócio, mediante o registro da sua marca junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), não só acarreta um grande risco para a existência do negócio, como também resulta numa falta de oportunidade de novos negócios.

Fato comum é que as empresas não sabem ao certo quanto vale a marca do seu negócio, justamente pelo fato do empresariado nacional não ter ainda a cultura da proteção da sua própria marca. O processo de cálculo de valuation de uma marca tem variáveis a serem consideradas tanto no plano físico, como no ambiente digital do negócio. Devem contar no repertório de avaliação algumas métricas, tais como:  reconhecimento orgânico da marca pelo mercado, evolução de novos clientes (contratos), histórico de inadimplência, posicionamento na mídia tradicional e virtual (redes sociais), qualificação do quadro funcional e diretivo, projetos futuros, modelo de governança do negócio (ESG), etc. A fórmula desse estudo não é fixa e vai de acordo com o nicho em que a marca atua. O importante é a empresa já ter essa cultura de proteção e valorização da sua marca.

Para o empreendimento que ainda não sabe realmente o valor de mercado da sua marca, o aconselho que dou é iniciar logo essa aproximação com esse novo conceito de ativo empresarial. Ah, não vale situar o valor no já velho e vencido “achismo”. A coisa tem que ser profissional legitimado no assunto de propriedade industrial. Caso o (a) empreendedor (a) ainda permaneça com essa conduta juvenil de pensar que a sua marca é um ativo próprio do seu negócio, esteja certo ou está perdendo dinheiro ou vai perder, e muito ainda em breve espaço de tempo! A marca de um negócio é uma contabilidade à parte da empresa, isso que venho pregar aqui nesse escrito.

Tenho acompanhado há mais de uma década, empresas que pouco ressignificaram a sua atenção para a proteção da marca até então. O interessante é que o empreendimento fica sempre atualizado com certos modismos de gerenciamento do seu negócio, mas peca ao afastar a proteção da sua própria marca. E olha que a Lei de Propriedade Industrial (Lei 9.279/96) completou 26 anos de idade no mês passado. Mesmo assim, cerca de 85% dos empreendimentos no País não têm a devida preocupação com a segurança jurídica da sua marca. Talvez, com esse case da extinta Daslu venha despertar essa faísca de inteligência.

Diante dessa resistência irracional na busca pela blindagem da marca empresarial, a conta mais certa a se alcançar é num resultado negativo. Convido agora prezados (as) leitores para um simples exercício, com o uso de uma matemática simples. Imaginemos agora um empreendimento que se lança no mercado, gasta uma significativa quantia com a estruturação do negócio, contratação de funcionários, compra de equipamentos, contratação de agência de publicidade, mas ao fim não fez o registro da marca da sua empresa ou marca do seu produto. Ou quando a empresa faz o registro da sua marca em tão somente uma classe junto ao INPI. Pois é, a proteção da marca é por classe, e assim, caso o negócio não faça os registros nas classes pertinentes ao seu escopo, outras pessoas podem vir a registrar a sua própria marca em outras classificações como marca de serviço ou marca de produto. Outro detalhe importante, a formalização da empresa perante a junta comercial da sua localidade não garante a proteção e exclusividade da sua marca.

Assim, trago novamente a pergunta “quanto vale a marca do seu negócio?”. Então, se até o início da leitura desse artigo de opinião jurídica você, empreendedor ou empreendedora, ainda não tinha dimensão de como a sua marca pode ser mais valiosa anda, agora é o momento de iniciar essa nova cultura empresarial.

O velho e conhecido mantra da propriedade industrial fica valendo como o Norte a ser obedecer: “só é dono (a) da marca quem a registra primeiro no INPI”.

COMPARTILHE A NOTÍCIA

PUBLICIDADE

Confira Também

Fiel da balança, Cid se impõe, Camilo e Elmano cedem: Santana desiste da Assembleia

Camilo, Cid, Elmano e Evandro: em pote cheio de mágoas, basta a gota d’água

Rompimento de Cid em “pause” com o camilismo retomando negociações

O jabuti obsceno de Sarto: licitação bilionária no apagar das luzes da gestão nocauteada pelos eleitores

Bom senso prevalece e UFC mantém nome de Martins Filho na Concha Acústica

Concha Acústica da UFC: homenagem ou revisão histórica?

André continua protegendo Inspetor, mas Capitão dispara a metralhadora

Desmonte: falta medicamentos no IJF e Ministério Público aciona Justiça

Parceira do Focus, AtlasIntel repete 2020 e crava resultado das eleições nos EUA

O Brasil de olho na PPP das Escolas em SP: Um passo à frente ou um retrocesso?

Morre o médico cuja invenção simples e caseira salvou a vida de milhares de crianças no Ceará

Efeito pedagógico da disputa de Fortaleza: futebol e campanha política não se misturam

MAIS LIDAS DO DIA

Jaguar enfrenta críticas após reposicionamento de marca e lançamento de novo logotipo

Santander revisa para cima projeção do PIB do Brasil em 2025, impulsionado pela agropecuária

Ministro da Agricultura critica Carrefour por suspensão de carnes do Mercosul na França

Governo eleva bloqueio no Orçamento de 2024 para R$ 19,3 bilhões

Pesquisa revela intenções de compra dos brasileiros para a Black Friday

Estudantes com 650 pontos no Enem poderão receber bolsa para licenciatura com o programa “Pé-de-Meia”