
Ser político e fazer política são coisas distintas, embora frequentemente confundidas. O político, em sua essência, é o ser que compreende o outro, que busca o equilíbrio entre o interesse pessoal e o bem coletivo. Fazer política, por outro lado, é o exercício prático do poder, muitas vezes contaminado por conveniências, estratégias e concessões. O primeiro nasce da vocação para servir; o segundo, da habilidade de sobreviver no jogo do poder.
O verdadeiro político não precisa de cargo para exercer influência. Ele inspira pela palavra coerente, pela conduta ética, pela capacidade de unir em vez de dividir. É o homem ou a mulher que entende a política como expressão de humanidade, não como instrumento de manipulação. Seu compromisso não é com grupos, mas com princípios. Ele faz da escuta uma virtude e da moderação uma forma de coragem.
Já o fazer político, em sua face mais comum, tornou-se uma arena de interesses. A arte de compor alianças perdeu o sentido do ideal e ganhou o sabor do cálculo. Nela, o discurso público se adapta ao vento das conveniências e o silêncio se torna moeda de troca. Fazer política, muitas vezes, é aprender a fingir que todos ganham, enquanto o povo observa, cansado, o mesmo espetáculo em palcos diferentes.
O político, quando autêntico, é quase um anacronismo num tempo de superficialidades. Não promete o impossível nem disfarça a verdade com slogans. Ele sabe que governar é decidir, e decidir é desagradar. Mas o faz com dignidade e respeito. Sua força não está no aplauso, mas na coerência que sustenta quando o aplauso cessa.
Ser político é um ato de vocação e consciência; fazer política é um ofício que pode ser nobre ou vil, conforme a alma de quem o pratica. A diferença está no propósito. O primeiro busca o bem comum; o segundo, o benefício imediato. O desafio do nosso tempo é reconciliar essas duas dimensões e devolver à política o que ela tem de mais esquecido: a grandeza de servir.






