O fato: A Polícia Federal (PF) revelou nesta terça-feira (19) que o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, um dos alvos da Operação Contragolpe, utilizou dados de terceiros para habilitar a linha telefônica usada na troca de mensagens com outros envolvidos no suposto plano de golpe de Estado em 2022. A estratégia, classificada como “anonimização” e prevista na doutrina de Forças Especiais do Exército, teria o objetivo de dificultar a identificação do verdadeiro usuário.
Investigação detalhada: O esquema foi descoberto a partir de dados extraídos do celular de Oliveira, apreendido em fevereiro deste ano durante a Operação Tempus Veritatis. Os investigadores identificaram que o militar usou documentos de Lafaiete Teixeira Caitano, um engenheiro mecânico que havia se envolvido em um acidente automobilístico com Oliveira em novembro de 2022.
Após a colisão, Caitano forneceu cópias de seus documentos para acionar a seguradora, mas, segundo a PF, esses mesmos documentos foram usados para habilitar uma linha telefônica vinculada ao planejamento do golpe. Surpreso com os desdobramentos, Caitano afirmou:
“Tô em choque. A gente vê notícias deste tipo, mas nunca imagina que algo assim vai acontecer com a gente. Graças à eficiência da polícia, foi constatado que eu sou vítima. Ele agiu de má fé mesmo.”
A investigação revelou ainda que Oliveira já havia utilizado documentos de outra pessoa, identificada como Luis Henrique Silva do Nascimento, em junho de 2022, para ativar outra linha telefônica.
Uso intensivo de linhas telefônicas: Os investigadores descobriram que o celular de Oliveira recebeu 1.423 linhas telefônicas entre maio e dezembro de 2022. O aparelho, identificado pelo número de Imei, é o mesmo que estava em posse do militar durante a apreensão.
Contexto e acusações: O material apreendido aponta para indícios de que Oliveira e outros oficiais de alta patente do Exército monitoraram, de forma ilícita, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Além disso, eles teriam planejado um golpe para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e de seu vice, Geraldo Alckmin.
A PF segue avançando nas investigações, enquanto a defesa dos militares citados não se manifestou até o momento.