O fato: A Receita Federal autuou o Grupo Mateus (GMAT3) em R$ 1 bilhão devido a questionamentos relacionados aos cálculos de tributos. O valor inclui R$ 633 milhões em relação ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), R$ 225 milhões referentes à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e R$ 200 milhões em multas administrativas. A autuação envolve a exclusão de créditos presumidos relativos aos exercícios de 2014 a 2021.
Contexto: O Grupo Mateus, por meio da Armazém, sua bandeira de atacado, informou que as exclusões de créditos presumidos de ICMS da base de cálculo do IRPJ e da CSLL foram realizadas com base na legislação aplicável, sendo beneficiário de subvenções concedidas pelos estados. A empresa afirmou que analisará a fundamentação da autuação e apresentará a impugnação no prazo regulamentar.
A companhia destacou ainda que, em uma análise preliminar, há bons argumentos em sua defesa, classificando a perda como “possível”, o que dispensa o provisionamento imediato. Caso necessário, o tema poderá ser levado à esfera judicial após o processo administrativo.
Impacto: No segundo trimestre de 2024, o Grupo Mateus registrou lucro de R$ 327 milhões, um crescimento de 11,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita líquida alcançou R$ 7,6 bilhões, com uma alta de 18%. Apesar do crescimento, a empresa enfrenta pressões operacionais devido ao recolhimento do PIS/COFINS sobre subvenções de investimentos e o aumento de despesas, reflexo de sua forte expansão nos últimos 12 meses.
Segundo análise da Genial, embora os números operacionais não sejam excepcionais, eles indicam que o grupo está no caminho certo. A corretora destacou que o Grupo Mateus adota uma estratégia de expansão orgânica, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, enquanto seus principais concorrentes, como Carrefour (CRFB3) e Assaí (ASAI3), priorizam a rentabilização de expansões inorgânicas.
Perspectiva financeira: A dívida líquida do Grupo Mateus, em relação ao Ebitda, aumentou de 1,1x em junho de 2023 para 1,4x no último trimestre. Mesmo com essa elevação, o índice permanece bem abaixo dos concorrentes: Assaí (4,6x), Carrefour (3,7x) e GPA (4,1x), refletindo uma posição financeira mais conservadora em comparação ao mercado.
A estratégia da empresa de acelerar a expansão, embora pressione a rentabilidade no curto prazo, visa um crescimento sustentável, com foco no fortalecimento de sua presença nas regiões em que atua.