A proposta de liberar a venda de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) em supermercados acirrou a disputa entre dois gigantes do varejo: redes de farmácias e supermercados. Enquanto os supermercados veem nos MIPs uma chance de atrair mais consumidores e reduzir o custo dos alimentos, farmácias alertam para os impactos financeiros e riscos à saúde pública.
O que está em disputa
•Plano do governo: A proposta busca ampliar as categorias de produtos vendidos em supermercados, permitindo que a receita adicional ajude a baratear os preços dos alimentos.
•Resistência das farmácias: Para o setor farmacêutico, os MIPs são fundamentais para gerar fluxo de clientes e garantir a sustentabilidade das operações.
O lado dos supermercados
A Abras (Associação Brasileira de Supermercados) defende que incluir medicamentos no portfólio aumentaria o fluxo de consumidores e ampliaria as margens, possibilitando a redução nos preços dos alimentos. Para os supermercados, a conveniência de comprar remédios junto com itens de mercado é um atrativo direto para o cliente.
A reação das farmácias
•Dependência estratégica dos MIPs: Sérgio Mena Barreto, presidente da Abrafarma, afirma que os medicamentos isentos de prescrição representam cerca de 30% do faturamento das farmácias. Esses produtos não apenas geram receita direta, mas também incentivam a compra de outros itens. “Sem os MIPs, o setor enfrentará desequilíbrio econômico”, alertou.
•Riscos econômicos: Barreto destacou que as farmácias empregam 2 milhões de pessoas e operam em 99% dos municípios brasileiros, sendo essenciais para o acesso a medicamentos.
•Questões de saúde pública: Farmácias argumentam que o atendimento farmacêutico é crucial para esclarecer dúvidas sobre os MIPs e evitar automedicação. “Quem vai orientar o cliente no supermercado? O açougueiro? O padeiro? O caixa?”, questionou Barreto.
O impacto no consumidor
A guerra pelo consumidor reflete duas visões de mercado. Supermercados oferecem conveniência e custo mais baixo, mas as farmácias destacam o risco de perda de qualidade no atendimento, além do impacto nos preços dos medicamentos de prescrição, que podem subir para compensar as perdas.
Por que importa
Essa batalha vai muito além do varejo: envolve questões de saúde pública, geração de empregos e o equilíbrio de dois setores essenciais para os brasileiros. Enquanto o governo busca formas de conter a inflação dos alimentos, a decisão pode ter consequências profundas para os consumidores e o mercado.
Vá mais fundo
A disputa entre farmácias e supermercados é um reflexo direto das transformações no varejo. Quem vencer essa batalha pelo consumidor definirá como brasileiros acessam medicamentos e como o setor se reorganiza em tempos de inflação e mudanças econômicas.
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