
O fato: O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez seu primeiro discurso ao Congresso desde que reassumiu a Casa Branca, em 20 de janeiro. Em uma fala de 1h40, o republicano abordou temas como guerra comercial, imigração e política internacional, além de reforçar seu desejo de adquirir a Groenlândia.
Brasil citado no contexto da guerra comercial: Durante a explanação, Trump destacou as novas tarifas impostas aos principais parceiros comerciais dos EUA. Ele anunciou a aplicação de uma taxa de 25% sobre produtos do México e do Canadá, além de um acréscimo de 10% nas importações chinesas. Segundo ele, a medida visa fortalecer a economia norte-americana.
Nesse contexto, o Brasil foi citado como um dos países que adotam tarifas supostamente desfavoráveis aos EUA. “Em média, a União Europeia, China, Brasil, Índia, México, Canadá e inúmeras outras nações nos cobram tarifas muito mais altas do que cobramos deles, o que é extremamente injusto”, afirmou Trump. Ele ainda garantiu que, a partir de 2 de abril, os EUA aplicarão tarifas recíprocas aos seus parceiros comerciais.
Tomada da Groenlândia e carta de Zelensky: Em um dos trechos mais polêmicos do discurso, Trump voltou a falar sobre a Groenlândia, território pertencente à Dinamarca. “Precisamos da Groenlândia para a segurança nacional e até mesmo para a segurança internacional. Vamos obtê-la de um jeito ou de outro”, afirmou, ressaltando a posição estratégica do local.
O republicano também mencionou uma carta recebida do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, sem revelar detalhes do conteúdo. O discurso aconteceu dias após Washington anunciar a suspensão do envio de ajuda militar à Ucrânia, um movimento que pode redefinir a posição dos EUA no conflito com a Rússia.
Conflitos com os democratas: A sessão foi marcada por tensões com parlamentares democratas. O deputado Al Green, do Texas, foi expulso do plenário após se recusar a sentar e gritar que Trump “não tem mandato”. Outros opositores exibiram cartazes chamando o discurso de “mentiroso”.
Trump reagiu à recepção fria de sua fala: “Olho para os democratas na minha frente e percebo que não há absolutamente nada que eu possa dizer para fazê-los felizes ou ficarem de pé, sorrir ou aplaudir”, lamentou.
Política interna: No campo doméstico, Trump reforçou sua posição contra políticas de diversidade e imigração. Ele afirmou que sua volta ao poder serviu para “acabar com a tirania da chamada ‘diversidade, equidade e inclusão’ em todo o governo federal, setor privado e forças militares”.
O presidente também anunciou a renomeação de um refúgio de vida selvagem no Texas em homenagem a Jocelyn Nungaray, uma menina de 12 anos assassinada em 2024. Segundo as investigações, os suspeitos do crime seriam imigrantes sem documentação. O caso foi usado por Trump para reforçar seu discurso contra a imigração ilegal.
Próximos passos: O discurso de Trump reforça as diretrizes de seu novo governo, com foco em protecionismo comercial, endurecimento contra a imigração e um tom nacionalista na política externa. Com a previsão de implementação das novas tarifas já em abril, a reação de países afetados, incluindo o Brasil, deve definir os próximos desdobramentos da guerra comercial promovida pelos EUA.