O que houve
Depois de mais de um ano de rompimento político e pessoal, Cid Gomes (PSB) surpreendeu ao dizer que jamais estará em lado oposto ao irmão Ciro Gomes (PDT) no plano nacional. A declaração foi feita neste domingo (28), durante evento do PSB no Ceará, e soou para aliados como o primeiro aceno público de uma possível reaproximação.
Por que importa
• O racha entre Ciro e Cid foi um dos fatores centrais da reconfiguração da política cearense desde 2022.
• Mesmo rompido com o PDT, Cid levou consigo parte expressiva da bancada estadual, esvaziando a legenda no Ceará.
• Agora, com a tentativa de atrair deputados federais do PDT ao PSB, o senador reforça o projeto de poder para 2026.
• Ao acenar para Ciro, sinaliza também uma possível reconciliação estratégica nacional, caso o irmão volte ao tabuleiro presidencial.
Contexto: a cisão que virou terremoto
O distanciamento dos irmãos veio à tona em 2022, quando:
→ Ciro disputou a Presidência pelo PDT e apoiou Roberto Cláudio (PDT) ao governo do Ceará.
→ Cid praticamente não fez campanha para Ciro no 1º turno e depois esteve ao lado de Lula no 2º turno, aproximando-se do PT.
→ A tensão interna no PDT explodiu de vez em 2024, quando Cid e sua base migraram para o PSB com aval judicial, após disputas públicas com Carlos Lupi e André Figueiredo.
Movimento nacional com efeito local
A fala de Cid ocorre num momento em que:
• No Ceará, Cid convida abertamente deputados federais do PDT (Mauro Filho, Leônidas Cristino, Robério Monteiro e Idilvan Alencar) a migrarem para o PSB, numa atitude que pode ser vista como politicamente hostil.
→ “Se Deus quiser, faremos seis deputados federais”, disse ele no Congresso Estadual do PSB, no último domingo.
Vá mais fundo
• Internamente, o PSB de Cid se articula como linha auxiliar da base de Lula no Ceará, em sintonia com Elmano de Freitas (PT) e Camilo Santana (PT).
• Já Ciro mantém oposição firme a Lula, inclusive no Ceará — onde atua em campo oposto ao governo petista. A considerar que Ciro tem se dedicado muito mais à análise do cenário nacional e pocuo tem falado da política do Ceará. O desastre administrativo e eleitoral de José Sarto, um apadrinhado, certamente intimidou a lingua ferina e veloz de Ciro.
O que esperar
• Uma reconciliação política plena entre Cid e Ciro ainda é incerta — mas o gesto abre brecha para diversas possibilidades e murmurinhos. Um deles é óbvia: ao anunciar que se alinha com Ciro no tabuleiro nacional, Cid está na verdade afirmando que não estará com Lula e o PT. Portanto, pelo menos no primeiro turno, em palaque oposto ao de Camilo e Elmano. Evidentemente que isso gera desdobramentos.
• Por enquanto, Cid deve continuar consolidando sua hegemonia no PSB local, mirando a manutenção das prefeituras conquistadas em 2024 e a base parlamentar para 2026. No que pese a insistência com o deputado federal Jr Mano para o Senado, um nome que é visto como um enorme e incômodo bode na sala.
• O futuro de Ciro depende do próprio: voltará ao jogo nacional ou encerrará o ciclo? A sinalização de Cid é clara: se o irmão quiser voltar, não estará sozinho.